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Muito se fala em como estimular uma criança pequena, seja em casa, academia ou escola.

Neste artigo tenho o objetivo de dar um parâmetro de como nós profissionais da área de Educação Física, podemos iniciar um bom trabalho de estimulação psicomotora.

Inicio o artigo falando sobre a psicomotricidade de forma geral, em seguida parto para estimulação psicomotora em uma linguagem simples e efetiva, seguido do desenvolvimento psicomotor e suas características.

Vamos lá?

O que é psicomotricidade?

A psicomotricidade é a ciência que tem o movimento com eixo norteador de sua ação, que respeita a tríade psicomotora, que é conhecida como aspectos motores, cognitivos e afetivos.

Boulch (1982) acredita que a psicomotricidade nasceu da neuropsiquiatria infantil e acabou ficando com o nome de reeducação psicomotora. Porém, hoje em dia existe uma corrente que estuda a psicomotricidade como forma de educação global, ou seja, o ser humano é indissociável.

“… relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais, que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano”  (FONSECA, 1996, p.7)

O ser humano quando atuante no movimento é totalmente um ser psicomotor, pois ambas as ações agem através da tríade psicomotora que rege a vida humana (cognitivo, afetivo e motor).

Diariamente as pessoas estão em ação, sejam com objetos ou apenas com seu corpo. LAPIERRE (1989) conceitua que corpo e objeto estão estritamente ligados, principalmente em crianças pequenas, levando o objeto como ser integrante da emoção.

O ser humano não pode ser observado apenas pela ótica da motricidade, pois não é um ser repetidor de movimentos, e não pode ser dividido, sendo assim deve-se estar estritamente ligado a mente e a emoção, que juntas formam a psicomotricidade.

“O ser humano é uma gigantesca usina química, onde os elementos estão em contínua combustão. A nossa ação é a resposta mais fiel do que está se passando em nosso interior, físico e mental.

Daí podemos afirmar que o corpo é comunicação pura. Através do gesto e da ação. Em qualquer que sejam as manifestações corporais, não há como se negar que se tratam de respostas cerebrais.”  (VELASCO, 1994, p.15)

Através do movimento é possível estimular a respiração, circulação, fortalece ossos e músculos como diz ALVES (2008).

De forma mais conjunta entende-se que para o ser humano desenvolver-se com plenitude o mesmo deva seguir uma ordem de desenvolvimento sem pular uma fase ou outra e ter um ambiente favorável.

Estimulação psicomotora

“As pesquisas suscitadas pela psicanálise, em particular os trabalhos de Spitz e Winnicot, salientam a importância do afeto no desenvolvimento. Sabe-se que a situação afetiva das crianças portadoras de transtornos psicomotores é peculiar…”  (BOULCH, 1984, p.21)

O pesquisador Jean Le Boulch esclareceu a importância da psicanálise no processo de evolução da estimulação psicomotora, que pode ser também no aspecto de terapia, porém neste artigo o objetivo é falar sobre o processo de educação da psicomotricidade.

BOULCH (1984) esclarece que não adianta o psicomotricista apenas executar atividades psicomotoras em crianças sem qualquer embasamento em sua história de vida e sim, deve-se o compreender de forma global.

A vertente educativa da psicomotricidade surgiu após a insuficiência da educação física a uma educação geral do corpo como esclarece BOULCH (1984).

Neste período em que Boulch se fez valer de suas pesquisas a educação física acabava pensando no individuo como um ser que deveria ser capaz de executar tarefas apenas por executar, ao contrário da psicomotricidade e da Educação Física atual que faz com que o individuo sinta, pense e execute as tarefas e o deixando como um ser completo e indissociável.

Durante a estimulação psicomotora é possível perceber caso ela seja empregada em grupos como em uma escola, por exemplo, que os alunos ficam um pouco mais agitados durante e após a prática, cabendo assim ao profissional fazer com que as crianças consigam voltar à calma para realizar suas demais tarefas diárias.

Desenvolvimento psicomotor

O ser humano para ter melhor desenvolvimento segue durante sua vida uma ordem desenvolvimentista a ponto de organizar suas estruturas para as atividades diárias.

FRANÇÃO (2009) relata que desde a fase embrionária o ser humano está em profunda transformação, pois seu sistema nervoso central sofre através de fatores internos e externos o processo de maturação e modificação e só termina quando chega na fase adulta.

VELASCO (1992) diz que nós não somos seres limitados por nossa pele e nem pelos limites do corpo, portanto entende-se que as ciências que estudam o ser humano estão longe de entender nossos limites como seres atuantes.

TRINDADE (2007) diz que existem muitas publicações tratando sobre tabelas do desenvolvimento psicomotor e que isso é um instrumento mais importante para os médicos.

Porém discordo. Se nós profissionais de Educação Física não tivermos um parâmetro para discussão do movimento e faixa etária da criança fica muito complicado entender como fazer a criança movimentar-se com qualidade.

GALLAHUE E OZMUN (2005) conceituam em sua obra as etapas do desenvolvimento cognitivo estudado por Jean Piaget e diz:

Que a criança que tem de zero a dois anos, está vivendo em um estágio onde as sensações de seu próprio corpo são suas formas de aprendizagem, ou seja, ela vive no estágio sensório-motor. A partir do segundo ano até os sete anos a criança demonstra pensamento simbólico, pois ela vive no estágio do pensamento pré-operatório.

Já ALVES (2008) diz que a criança vive por etapas e confere que até os três anos a criança está localizada na primeira etapa, que seria um período em que a criança aprende pela exploração do meio em que vive.

Tais fases acima citadas são de extrema importância e mais importante ainda é que sejam seguidas e respeitadas para que a criança consiga ter seu desenvolvimento completo.

Sendo que o movimento criativo, que é aquele que é sentido, pensado e executado pode trazer ao universo infantil uma realidade paralela que para ela é o real, fazendo com que ela melhore suas relações motoras afetivas e cognitivas.

ALVES (2008, pg. 17) acredita que:

“Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum a todas as crianças, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente normais possam comportar-se de maneiras diferentes”.

Por isso a importância de se entender as fases do desenvolvimento psicomotor do ser humano.

E se em algum momento alguma criança apresenta que ela não está na fase que deveria estar é necessário um acompanhamento para que a reeducação seja feita com plenitude.

Caracterísicas do desenvolvimento psicomotor

Até aqui falei sobre algumas fases do desenvolvimento psicomotor, porém a partir de agora citarei as principais características do desenvolvimento psicomotor em crianças de zero até três anos.

Até a 4ª semana

Mais ou menos até a quarta semana os bebês apresentam um reflexo tônico cervical, caracterizado por extensão do braço em direção à cabeça como esclarece ALVES (2008). E na maior parte do tempo existem reações bruscas que são características desta fase em que se encontra o bebê.

A visão fica imóvel por grande parte do tempo e a atividade manual reage ao um tipo de automatismo, pois se colocado um objeto na mão deste bebê ele permanece segurando-o.

10ª semana

Por volta da décima sexta semana o bebê começa ter maior mobilidade da cabeça, existe maior soltura de seu corpo. Consegue acompanhar os estímulos visuais do dia-a-dia e já é capaz de estender seu braço como se estivesse querendo tocar algum objeto.

Entre 28ª a 40ª semana

Da vigésima oitava semana até a quadragésima semana o bebê tem enorme evolução, pois melhorou a posição de sentar e o equilíbrio está muito mais ativo e sua posição em pé começa aparecer, porém, com grandes dificuldades e necessita de algum tipo de apoio.

O globo ocular já está mais adaptado e consegue visualizar um objeto em movimento e pegá-lo.

1 ano

Com um ano, o bebê melhora sua agilidade em relação ao engatinhar e seu equilíbrio estático ainda é ruim, pois precisa de apoio para conseguir um bom equilíbrio.

1 ano e 6 meses

Com um ano e seis meses a marcha aparece com maior desenvoltura, consegue transpassar obstáculos aceitando desafios para melhor explorar seu corpo. Estes espaços onde este bebê é estimulado ele consegue ter melhor noção das formas deste espaço se é amplo ou curto.

ALVES (2008) diz que já é possível explorar a noção de verticalidade e consegue empilhar até três cubos. Tem condições de arremessar uma bola, ou seja, a preensão está bastante ativa neste bebê.

2 anos

Por volta dos dois anos o equilíbrio está bem avançado pela maior flexibilidade de joelhos que o permite ficar em posição estática. Dificuldades em atividades que exijam corrida ainda estão presentes, pois necessita ainda mais de vivência motora.

Tudo que uma criança nesta idade faz está ligada a exploração de seu corpo, ALVES (2008) diz que parece que esta criança pensa com seus músculos.

Melhora da preensão e consegue empilhar uma torre de seis cubos.

3 anos

Aos três anos começa a fase onde a criança tudo que vai fazer tem que fazer correndo, pois a atividade motora ampla está inserida em seu cotidiano.

A posição vertical está muito bem dominada, mas quando se exige mudanças de direção ela apresenta maior dificuldade na locomoção.

Conhecendo tais características é possível prescrever de forma harmoniosa atividades psicomotoras, favorecendo o bom desenvolvimento psicomotor de crianças de 0 até 3 anos.

 

Referências bibliográficas
  • ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: 2008. 4ª edição. Editora Wak;
  • BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. São Paulo: 1984. 3ª edição. Editora Harbra;
  • DIEM, Liselott. Os primeiros anos são decisivos: como desenvolver a inteligência das crianças desde o berço, pelo treino dos movimentos. Rio de Janeiro: 1980. Editora Ediouro;
  • FRANÇÃO, Patrícia. A Psicomotricidade como coadjuvante na estimulação psicomotora de recém-nascidos prematuros.
  • Disponível na web em: http://www.unifai.edu.br/publicacoes/artigos_cientificos/alunos/pos_graduacao/09.pdf. Acesso em 10/07/2012;
  • GALLAHUE, David L. e OSMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: 2005. 3ª edição. Editora Phorte;
  • FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: 1996. 4ª edição. Editora Martins Fontes;
  • FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Rio de Janeiro: 2009. 3ª edição. Editora Wak;
  • LAPIERRE, André. A educação psicomotora na escola maternal: Uma experiência com os “pequeninos”. São Paulo: 1989. 1ª edição. Editora Manole;
  • LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre: 1982. 2ª edição. Editora Artes médicas;
  • MÜTSCHELE, Marly Santos. Como desenvolver a psicomotricidade? São Paulo: 1988. 1ª edição. Editora Loyola;
  • SCHMIDT, Richard A. Aprendizagem e performance motora: dos princípios a prática. São Paulo: 1993. Editora Movimento.
  • TRINDADE, André. Gestos de cuidado, gestos de amor: Orientações sobre o desenvolvimento do bebê. São Paulo: 2007. 2ª edição. Editora Summus;
  • VELASCO, Cacilda G. Habilitações e reabilitações psicomotoras na água. São Paulo: 1994. 1ª edição. Editora Harbra;
  • VELASCO, Cacilda G. Natação segundo a psicomotricidade. Rio de Janeiro: 1994. 1ª edição. Editora Sprint.

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