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A maioria das pessoas buscam na prática de uma atividade física o alcance de determinado objetivo ou a melhora das suas capacidades físicas, e com o Treinamento Funcional não é diferente!

A proposta do Treinamento Funcional é a integração do sistema neuromuscular com o treino de padrões de movimento e não o trabalho de grupos musculares isoladamente, pois atividades cotidianas e desportivas exigem a ativação de diversos grupos musculares ao mesmo tempo.

O Treinamento Funcional é uma excelente ferramenta para melhorar a qualidade de vida, prevenir lesões e ainda aperfeiçoar o desempenho de atletas – desenvolve a consciência e controle corporal, melhora a coordenação motora, o equilíbrio muscular, a força e o tônus muscular diminuindo a incidência de lesões.

O tônus muscular possui uma caracterização de extrema importância, uma vez que ele está ligado à coordenação motora, equilíbrio e força. Desordens do movimento na prática clínica são acompanhadas de alterações de tônus muscular e, portanto, diagnosticar as suas alterações é importante para diferenciar patologias que envolvem o sistema nervoso.

É possível ganhar tônus muscular nos exercícios funcionais pois, através dos padrões de movimentos com combinações intencionais de segmentos estáveis e móveis, trabalhamos em harmonia a coordenação motora, produzindo então sequências de movimentos eficientes e efetivos.

O que é tônus muscular?

O tônus muscular é definido como estado de tensão do músculo no repouso sendo controlado pelo sistema nervoso. É o resultado da interação entre o Sistema Nervoso Central (SNC), propriedades biomecânicas e bioquímicas do tecido muscular e conectivo.

Em todos os nossos movimentos ativos há uma mudança no padrão do tônus de maneira fisiológica para que ocorra as nossas funções motoras, justificando então, sua importância nas várias funções associadas ao controle motor e estabilidade articular.

Além disso, o tônus é importante na manutenção da postura, em decorrência da combinação das características acima, economizando energia e resistindo a um estiramento inesperado.

Estes conceitos auxiliam o diagnóstico na prática clínica, principalmente em patologias que envolvem o neurônio motor, causando alterações de tônus e controle motor. O tônus muscular pode ser avaliado como a resistência sentida pelo examinador durante o movimento imposto a um membro voluntariamente relaxado.

E como ocorre esta “tensão muscular” fisiológica? As alterações de tônus são resultado da interação entre as características do tecido muscular e estruturas moles (tecido conectivo intramuscular, tendões, tecidos articulares) juntamente com o controle reflexivo e informações enviadas do Sistema Nervoso.

As lesões no Sistema Nervoso Central e Periférico podem gerar alteração no tônus de forma patológica. Os traumas ou doenças que acometem o Sistema Nervoso Central podem gerar o aumento (hipertonia espástica) ou a diminuição do tônus (hipotonia), alterando a capacidade funcional das pessoas, devido à mudança no controle do movimento.

Músculo esquelético: estrutura e função

Músculo esquelético estrutura e função - Tônus Muscular: como ganhar com o Treinamento Funcional?

O corpo humano contém mais de quatrocentos músculos esqueléticos que representam cerca de 40-50% do peso corporal total. Possui três funções importantes:

  • Geração de força para a locomoção e respiração;
  • eração de força para a sustentação postural;
  • Produção de calor durante períodos de exposição ao frio.

O músculo esquelético é composto por vários tipos de tecido como as células musculares, o tecido nervoso, o sangue e os vários tipos de tecido conjuntivo. Os músculos são separados e organizados através de suas fáscias, sendo três camadas (epimísio, perimísio e endomísio) e cada fibra muscular individual é um cilindro fino e alongado. As miofibrilas são numerosas estruturas que contém as proteínas contráteis composta por dois filamentos:

  • Miosina;
  • Actina.

As miofibrilas podem ser subdivididas por segmentos chamados de sarcômeros que possuem uma fina camada estrutural denominada de linha Z. Os filamentos de miosina estão localizados especialmente na porção escura do sarcômero, denominada banda A, enquanto os filamentos de actina ocorrem principalmente na região clara do sarcômero, denominada banda I. No centro do sarcômero, existe uma porção do filamento de miosina sem sobreposição da actina, a zona H.

Junção neuromuscular

Junção neuromuscular

Cada célula muscular esquelética está conectada ao ramo de uma fibra nervosa originária de uma célula nervosa. Essas células nervosas são chamadas de neurônios motores e se estendem para fora a partir da medula espinhal. Então, o neurônio motor, juntamente com as fibras musculares que ele inerva, formam uma unidade motora e a estimulação dos neurônios motores inicia o processo de contração estimulado por um neurotransmissor chamado de acetilcolina que manda a informação para iniciar o processo contrátil.

Contração muscular

Contração muscular

A contração muscular envolve um processo de conexão entre o Sistema Nervoso Central, periférico e muscular, resultando no deslizamento da actina e da miosina, fazendo com que o músculo encurte e, consequentemente, desenvolva tensão.

Para ocorrer a contração muscular é necessário que haja um comando central, vindo do córtex cerebral e que chegue ao músculo para que a informação saia do córtex motor, passando pelas vias descendentes, fazendo sinapse com o 2º neurônio motor na medula. Após a este primeiro evento, chega na junção mioneural e estimula a contração muscular. A contração muscular ocorre através da teoria dos filamentos deslizantes.

A fibra muscular recebe o estímulo químico proveniente do botão terminal do nervo motor, através da acetilcolina. O potencial de ação percorre os Túbulos T, fazendo com que o retículo sarcoplasmático libere cálcio. O cálcio, por sua vez, se liga à troponina, fazendo com que a tropomiosina se mova liberando os sítios de acoplagem para a cabeça da miosina. Para que a miosina se ligue a actina, é necessário a quebra de ATP, que é realizada por uma enzima existente na cabeça da miosina, chamada ATPase, provocando uma ligação forte entre a miosina e a actina. A miosina se liga à actina à frente, tensionando a actina, fazendo o filamento de actina deslizar, ocorrendo, então, a contração muscular.

Para que ocorra o relaxamento, é necessário a quebra de um outro ATP para que a miosina solte a actina e o cálcio seja reabsorvido pelo retículo sarcoplasmático.

Tipos de fibras musculares

As fibras musculares são classificadas em dois tipos principais:

  • Fibras rápidas ou fibras fásicas ou ainda do Tipo II;
  • Fibras lentas, fibras tônicas ou ainda do Tipo I.

As fibras do Tipo II são conhecidas como fibras brancas e as fibras do Tipo I são vermelhas. Qualquer músculo pode ser constituído apenas de fibras do Tipo I ou do Tipo II, ou uma mistura de ambas.

As fibras fásicas são inervadas por axônios de condução rápida e provocam respostas contráteis rápidas, como, por exemplo, nos saltos.

As fibras tônicas são inervadas por axônios de condução lenta que provocam, portanto, respostas mais lentas. Essas fibras são encontradas nos músculos responsáveis pela manutenção postural.

Quanto à resistência, as fibras rápidas por desempenharem maior força de contração, acabam fadigando mais rápido que as fibras lentas.

A composição das fibras musculares de um determinado músculo depende da sua função, como, por exemplo, o músculo sóleo na panturrilha. É um músculo que, primariamente, mantém a postura e por isso está composto por uma porcentagem mais alta de fibras tônicas.

Entretanto, conforme o tipo de treinamento, ocorrem mudanças nesta porcentagem. Por exemplo, um maratonista possui maior porcentagem de fibras tônicas, já um velocista possui maior porcentagem de fibras fásicas.

Como ganhar tônus muscular?

Através de estímulos que favoreçam a contração e relaxamento muscular como exercícios que trabalham a força, porém, dentro de um programa de treinamento muscular, é importante que se mantenha a frequência e intensidade durante os treinos para que o tônus muscular comece a melhorar.

A alimentação é muito importante na construção dos músculos e melhora do tônus. Uma alimentação com uma quantidade adequada de carboidratos, proteínas, gorduras e fibras trará ótimos resultados.

Exercícios do Treinamento Funcional para ganhar tônus muscular

1. Flexão de braços (empurrar)

Tônus Muscular - Flexão de braços (empurrar)

Execução: em posição de prancha, com os braços estendidos abertos na linha dos ombros, realizar a flexão de cotovelos e voltar à posição inicial.

2. Flexão de braços (puxar)

Flexão de braços (puxar)

Execução: em pé, segurando em uma barra de flexão, realizar flexão dos cotovelos puxando o corpo para cima até a linha do peito e retornar à posição inicial.

3. Agachamento

Agachamento

Execução: em pé, com os pés paralelos na largura do quadril, realizar a flexão de joelhos e quadril.

Variações: este é um exercício que possui inúmeras variações dependendo do objetivo. Podemos trabalhar com a base mais larga e os membros inferiores em rotação externa; com carga nas costas; a frente do corpo e outros.

4. Afundo com pliometria

Tônus Muscular - Afundo com pliometria

Execução: em pé com membros inferiores em afastamento ântero-posterior, realizar a flexão de joelhos e quadril com saltos, trocando as bases alternadamente.

Variações: este é um exercício que pode ser realizado sem os saltos e com sobrecarga nos ombros, segurando anilhas e outros.

5. Levantamento terra e remada curvada

Levantamento terra e remada curvada

Execução: em pé, segurando barra com carga na frente do corpo. Realizar a flexão de joelhos e quadril, subir. Em seguida, realizar flexão de quadril com a coluna ereta e flexão de cotovelos, puxando a barra em direção ao abdômen e retornar à posição inicial.

Conclusão

O tônus muscular é um componente importante para a funcionalidade das pessoas. Várias modalidades de exercícios físicos podem atuar na melhora deste componente na qualidade do músculo. Assim, o Treinamento Funcional torna-se um grande aliado na construção do tônus muscular.

 

Referências

AXELSON, H. W., 2004, “Human motor compensations for thixotropy–dependent changes in muscular resting tension after moderate joint movements”, Acta Physiologica Scandinavica, v. 182, n. 3, pp. 295–304.

KISNER,C;COLBY, L.A. Exercícios terapêuticos- Fundamentos e Técnicas.4ªed,Barueri, SP: Manole,2005.

POWERS,S.K;HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: Teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 5ed.Barueri-SP: Manole,2010.

KANDEL, E. R., SCHWARTZ, J. H., JESSELL, T. M., 2003. Princípios da Neurociência. 4 ed. São Paulo, Manole.

REIS, A.A. Pilates funcional com acessórios-Ebook Voll Pilates Group,2019.

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