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Uma das falas que os profissionais da saúde mais ouvem em seu dia a dia tem a ver com a genética. Um grande exemplo disso vem de pessoas que se vêem em um quadro de desenvolvimento da obesidade. Aí, vem a fala de que os pais, avós e toda a família também tem esse perfil; por isso, “é genético”.

Mas será que a genética pode colaborar ou influenciar no desenvolvimento do sobrepeso e obesidade e ser a responsável pela atual situação do estado nutricional da população mundial? Bom, neste breve texto você descobrirá se existem (ou não) evidências que relacionam a genética ao sobrepeso e à obesidade. Vamos lá?

As taxas de obesidade pelo mundo

O recente aumento nas taxas de obesidade mundial foi, sem dúvida alguma, impulsionado por mudanças comportamentais. Entretanto, embora o ambiente seja um importante fator para gênese e progressão da obesidade, os fatores genéticos parecem também influenciar – principalmente na obesidade severa ou mórbida. Nesse sentido, é importante que saibamos como ela se dá para prevenir seu surgimento e suas consequências.

Os progressos científicos confirmam cada vez mais a existência de uma base genética associada à obesidade, com algumas estimativas apontando para uma influência de até 70%. No entanto, a real implicação da predisposição genética na obesidade não é simples e de fácil entendimento, pois envolve vários genes e as associações entre estes. 

Mas, quantos serão estes genes e essas associações que influenciam no desenvolvimento da obesidade? E será que isso é o único fator para que isso aconteça? Descubra abaixo!

Os fatores para o desenvolvimento da obesidade

A última atualização da Human Obesity Gene Map (Mapa Genético da Obesidade Humana) apresentou a existência de 127 genes e 426 associações positivas para o fenótipo obeso. Desta forma, percebemos que a relação entre genética e obesidade parece ser verdadeira.

Apesar disso, as variações e associações genéticas explicam apenas uma pequena porcentagem da gênese e do desenvolvimento da obesidade. Isso sugere que os mesmos podem ser justificados pela associação entre variáveis genéticas e condições fenotípicas.

A partir daí, pode-se pensar que aspectos comportamentais têm grande efeito na criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento do sobrepeso e obesidade. Entre eles, estariam pontos como: 

  • o elevado consumo de alimentos ricos e densos em calorias;
  • o baixo nível da prática de atividades físicas e, por consequência, o sedentarismo

Nesse sentido, se torna essencial a atuação de profissionais da Educação Física e Nutrição. Apesar disso, como o foco deste artigo são as questões genéticas, é a elas que voltaremos nossa atenção. Continue lendo para saber mais!

Os fatores genéticos mais associados à obesidade

Agora que sabemos quais fatores influenciam no desenvolvimento da obesidade, vamos passar aos genes de fato. Leia abaixo quais são as funções mais comuns dos genes mais estudados e associados com a gênese e progressão da obesidade. 

A mutação de genes padrão

Inicialmente, o entendimento da influência da genética no desenvolvimento da obesidade passa pela mutação, que é a alteração no padrão de normalidade de um determinado gene. Isso inevitavelmente influencia na síntese de proteínas que regulam e controlam o apetite, o metabolismo basal, o efeito termogênico da atividade física e dos alimentos e a utilização dos substratos energéticos

Assim, alterações nestes genes podem levar a uma perda nos mecanismos de saciedade, exacerbação do apetite, redução do gasto energético em repouso e exercício. Isso também pode causar alterações na utilização de combustíveis pelas vias metabólicas responsáveis pela produção de energia biologicamente utilizável. Dentre os genes mutados, pode-se citar as alterações/deficiências de: 

  • leptina (LEP);
  • receptor de leptina (LEPR);
  • pró-opiomelanocortina (POMC);
  • receptor 4 de melanocortina (MC4R);

Por isso, continue lendo para descobrir como a alteração destes genes influencia no desenvolvimento da obesidade.

A atuação da leptina no desenvolvimento da obesidade

A leptina é um hormônio anorexígeno, ou seja, inibidor de apetite. Ela foi descoberta em 1994 e é produzida principalmente pelo tecido adiposo branco – além de pelo estômago, placenta, glândula mamária e outros.

Além disso, a leptina é um potente regulador da homeostase energética e do apetite. Por isso, em 1997 sua deficiência congênita foi relatada como sendo associada a hiperfagia (excesso de fome) e obesidade severa.

Esse hormônio exerce seus efeitos ao ligar-se ao seu receptor (receptor de leptina – LEPR). Entretanto, em 1998 foi descoberta uma deficiência no gene do LEPR, o que resulta na incapacidade da leptina em exercer seus efeitos anorexígenos.

Observações posteriores revelaram que a ausência do receptor de leptina estava frequentemente associada a casos de:

  • hipotireoidismo;
  • redução da taxa metabólica basal;
  • comprometimento do controle do apetite;

Isso tudo favorece um balanço energético positivo crônico, uma condição que inevitavelmente serve de gatilho para o ganho de peso crônico e desenvolvimento da obesidade.

Uma das principais funções da leptina no sistema nervoso central é ativar os neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo, que expressam a proteína pró-opiomelanocortina (POMC). Esta proteína, quando sob ação enzimática das pró-hormônio convertases, dá origem a peptídeos bioativos, como as melanocortinas – MSHS (α, β e γ). 

Desta forma, tanto a deficiência de leptina quanto de seu receptor prejudicam a formação das MSHS, que agem através da ligação com receptores de melanocortinas (MCRs). Além disso, os receptores de melanocortinas 3 (MC3R) e 4 (MC4R) estão relacionados à regulação do peso corporal. Vamos entender como?

A atuação dos genes MCR3 e MCR4 no desenvolvimento da obesidade

O MCR3 é um importante modulador do gasto energético, enquanto o MCR4 modula a ingestão alimentar. Estudos com camundongos deficientes do gene da POMC e leptina sugerem que a ativação do MC3R eleva o gasto energético e a lipólise (quebra do triglicerídeo), e o MC4R quando ativado reduz a ingestão alimentar.

Em 1998, foram identificadas mutações no gene da POMC que estavam associadas à predisposição ao desenvolvimento da obesidade pela redução na formação de MSHS. Para piorar ainda mais o cenário de alterações gênicas relacionadas a obesidade, já foi identificada também uma deficiência no gene do MC4R. 

Isso acarreta a deficiência do sinal anorexígeno das α e β MSHS e, consequentemente, hiperfagia e elevação do percentual de gordura. A deficiência de MC4R é a causa congênita mais comum de obesidade, com prevalência de 0,5 a 6% em indivíduos com obesidade severa. 

Outros genes que influenciam no desenvolvimento da obesidade

Mutações em vários outros genes também estão associados à predisposição para o desenvolvimento da obesidade. Isso porque eles afetam:

  • o controle do apetite – neuropeptídeo Y (NPY), colecistoquinina (CCK), serotonina, dopamina;
  • o gasto energético e a regulação termogênica – receptor β adrenérgico 2 e 3 (ADR2 e 3), proteína desacopladora mitocondrial (UCP) 1 e 3;
  • a utilização metabólica de substratos e combustíveis energéticos;

Muitos deles são os genes relacionados ao desenvolvimento da obesidade. Entretanto, devemos olhar para eles não os condenando, mas compreendendo a sua importância em algum momento da evolução e desenvolvimento do homem primitivo.

Nossos antepassados viveram momentos difíceis. Na época, quem tinha maior capacidade de estocar energia (gordura) e de reduzir o gasto energético nas condições de escassez e restrição alimentar tinha mais chances de sobreviver.

Apesar disso, hoje grande parte das pessoas no mundo têm oferta de alimentos em abundância. E, ao mesmo tempo que os alimentos podem ser fonte de qualidade de vida, também podem gerar efeitos negativos. Por isso, é possível que os genes que foram responsáveis pela sobrevivência dos nossos antepassados sejam, hoje, responsáveis pela pandemia de obesidade.

Conclusão

Conforme o que foi relatado ao longo do texto, percebe-se a importância de  as pessoas entenderem os grandes prejuízos que a obesidade causa a saúde e a longevidade. Isso porque ela tem forte relação com o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas e câncer. O problema estético, aliás, não é e nunca será o maior deles.

É fato que a genética influencia na gênese e no desenvolvimento da obesidade. Entretanto, o ambiente obesogênico, ou seja, nossas escolhas, são as maiores responsáveis pelo surgimento e progressão do quadro.

Por isso, temos que nossas escolhas nunca foram tão importantes, pois nesta linha tênue entre a saúde e a doença, podemos escolher de que lado estaremos. Assim, atente-se e alerte seus alunos sobre o que influencia no desenvolvimento da obesidade, para que eles possam prevenir o surgimento do quadro.

E então, o que achou do texto? Comente abaixo!

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