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O corpo humano passa por diferentes processos de adaptação ao longo da vida principalmente devido ao meio em que este se encontra. Por isso é extremamente importante obter um planejamento na periodização do treinamento de força. Por exemplo, estar em um ambiente com condições que desestabilizam os sistemas de equilíbrio do corpo, ou seja, condições que quebram o processo de homeostase.

Define-se homeostase como o conjunto de fenômenos de auto-regulação corporal que levam a preservação do equilíbrio do meio interno do corpo com o meio externo.

Alimentação, temperatura, aspectos psicológicos e treinamento físico são alguns dos agentes estressores que causam a perda da homeostase.  Na área do treinamento físico, essa perda da homeostase gera benefícios fundamentais para o corpo induzindo este a se reequilibrar (reconstrução de microlesões geradas nas fibras musculares decorrentes do treinamento de força), mas não apenas isso, como também a aumentar a resistência do corpo para que possa suportar pertubações de mesma magnitude ocorrendo o que chamamos de efeito da supercompensação.

No entanto, simplesmente gerar sucessivos supercompensações sem a devida avaliação, controle e acompanhamento pode gerar sérios problemas a saúde do aluno, como também a queda de rendimento do treinamento.

Nós como profissionais atuantes na área de movimento humano temos que ter a noção de como melhorar as capacidades físicas de nossos alunos bem como estruturar os programas de treinamento de forma correta, respeitando princípios biológicos e do treinamento, bem como o desenvolvimento das diferentes capacidades físicas.

Avaliar, acompanhar e corrigir (se necessário) o programa de treinamento é um trabalho árduo que se feito de maneira incorreta pode levar a resultados abaixo do esperado de acordo com os objetivos a se atingir.

Tal preparação e planejamento do treinamento relaciona-se ao conceito de “Periodização do Treinamento”.

Treinamento de força: evolução

De forma global, a periodização do treinamento é definida como a aproximação sistemática, sequencial e progressiva ao planejamento e organização do treinamento dentro de uma estrutura cíclica.

Os primórdios do conceito de periodização do treinamento de força foram construídos com base no empirismo. Os primeiros indícios origina-se na Grécia Antiga, sendo utilizados nas antigas olimpíadas e no treinamento de exércitos feudais. Estes conceitos se perduraram durante muitos séculos ligado intimamente a preparação física de homens em períodos de guerras.

Contudo, a partir do final do século XIX e início do século XX países europeus passaram como Alemanha e União Soviética o conceito sobre periodização do treinamento passou a ser feito com maior ênfase.

Na década de 60, grupo de pesquisadores liderados pelo Lev Pavlovitch Matveev desenvolveram o primeiro sistema de periodização do treinamento de força. Este sistema foi baseado na teoria da Síndrome Geral da Adaptação (SAG) que serviria como base para novos modelos de periodização. A SAG acontece independentemente de nossa vontade, quando o cérebro interpreta alguma situação estressante fazendo com que o organismo passe a desenvolver uma série de alterações.

A primeira etapa dessa situação é denominada de “Reação de Alarme”, onde todas as respostas corporais entram em estado de prontidão geral, ou seja, todo organismo é mobilizado sem envolvimento específico ou exclusivo de algum órgão em particular.

É um estado de alerta geral, tal como se fosse um susto. Após um período de alarme começa a segunda fase, chamada de “Fase de Adaptação ou Resistência”, a qual acontece quando a tensão é acumulada por um longo período de tempo.

Nesta fase o corpo começa a acostumar-se  aos estímulos causadores do estresse e entra num estado de resistência ou de adaptação. Durante este estágio, o organismo adapta suas reações e seu metabolismo para suportar o estresse por um maior período de tempo. Neste estado a reação de estresse pode ser canalizada para um órgão específico ou para um determinado sistema, seja o sistema cardiológico, por exemplo, ou a pele, sistema muscular, aparelho digestivo, etc.

Entretanto, a energia dirigida para adaptação da pessoa à solicitação estressante não é ilimitada e se o Estresse ainda continuar, o corpo todo pode entrar na terceira fase, o Estado de Esgotamento, onde haverá queda acentuada de nossa capacidade adaptativa.

O modelo de periodização do treinamento de força proposto por Matveev é definido em três fases distintas: período preparatório, período competitivo e período transitório. Basicamente, o modelo pode ser resumido em uma constante de alternância entre as cargas gerais, que são relacionadas às capacidades físicas específicas da modalidade esportiva definidas abaixo:

Período preparatório: De três a quatro meses (principalmente nos ciclos semestrais) e até cinco a sete meses nos ciclos anuais.

Período competitivo: De 1,5 a 2 meses, podendo se estender até quatro ou cinco meses.

Período de transição: De três a quatro semanas até seis semanas.

Períodos estes que são organizados em quatro níveis distintos de organização:

Macrociclo: Envolve uma grande parte da periodização, englobando os três períodos (preparatório, competitivo e transitório).

Mesociclo: Representa a estruturação da preparação e inclui uma série de microciclos, que, por sua vez, representam o elemento de estrutura de preparação do atleta, o qual inclui uma série de sessões de treinamento ou competições orientadas para a solução das tarefas de um dado macrociclo.

Sessão de treinamento: É a menor unidade na organização do processo de treinamento. É o elemento integral de partida da estrutura de preparação  e representa um sistema de exercícios que visa à solução das tarefas de um dado macrociclo da preparação.

Periodização do treinamento de força

A periodização do treinamento da força possui um foco importante na promoção de qualidade de vida e para o sucesso esportivo. Este planejamento é feito por meio da manipulação do volume e intensidade do treinamento o que acaba por resultar em estímulos metabólicos e tensionais.

Estudos relacionados à manipulação desses estímulos são definidos em três modelos para o treinamento de força: o modelo não-periodizado, onde não há variação de intensidade e volume; o modelo de periodização linear, que segue o modelo clássico de diminuição progressiva do volume e com aumento concomitante de intensidade e o modelo periodizado ondulado, que abrange outros modelos que possuem alterações flutuantes de volume e intensidade.

Apesar dos diferentes modelos de periodização, todas estão interligadas em questão principalmente das variáveis básicas envolvidas no treinamento de força como: Velocidade de execução, tempo de intervalo (Entre repetições e séries), número de repetições, número de séries, peso levantado, frequência de treinamento, métodos de treinamento, ordem dos exercícios (Multiarticulares e uniarticulares) e tipo de ação muscular (Isométrica, concêntrica e excêntrica).

Afim de se manipular as variáveis descritas, as respostas adaptativas devem estar ligadas ao sistema energético necessário para tais adaptações como: Sistema fosfagênio (ATP-CP) para força/potência e o sistema metabólico aeróbio para hipertrofia muscular.

Modelos de periodização do treinamento de força

Periodização linear

A periodização linear representa um dos padrões mais tradicionais de cargas utilizadas no treinamento. Consiste em aumento gradual da intensidade e diminuição do volume, essas mudanças ocorrem em ciclos de 1 a 4 semanas, aproximadamente.

Dentro de cada microciclo específico, a intensidade e o volume do treinamento com frequência são mantidos constantes, ou seja, o aumento da intensidade e a redução do volume só ocorrerão após a finalização de um ciclo proposto.

Periodização linear reversa

Como a denominação sugere, a mudança na intensidade e no volume é inversa, ou seja, há aumento gradual no volume com redução da intensidade a cada ciclo. Assim como na periodização linear, a linear reversa, a intensidade e o volume do treinamento frequente são mantidos constantes durante um microciclo, ou seja, a intensidade só será reduzida e o volume aumentado após a finalização de um microciclo proposto.

Periodização ondulatória

Consiste em aumento e diminuição na intensidade e no volume dentro da mesma semana ou em um período máximo de 7-10 dias. Desta forma, a variação dos componentes do treinamento é mais frequente, sendo efetuada em períodos mais curtos.

Concluindo…

Cada Profissional Educação Física tem sua estratégia de periodização do treinamento de força conforme as necessidades de seu ambiente de trabalho e do aluno com sua individualidade biológica. De tal modo que um macrociclo pode-se utilizar em certo momento a linear outrora não linear e  independente do modelo de periodização é fundamental entendermos que um  planejamento estruturado trás os objetivos almejados de uma maneira muito mais rápida e efetiva.

Além de acarretar a fidelização de seu aluno por um longo período, assim como a melhor divulgação do nosso nome no mercado de trabalho.

Meu objetivo é de trazer informações importantes e relevantes para ajudar no desenvolvimento profissional, assim como abrir uma discussão acerca do assunto que nos últimos anos tem sido de extrema importância e. Com isso, deve-se valorizar a importância do Profissional de Educação Física na disseminação do conhecimento sobre a ciência do treinamento físico e mostrar que fato de se treinar sem a devida instrução pode trazer sérios problemas a saúde. E também mostrar como a ciência pode ser uma aliada na montagem de programas de treinamento para o Personal Trainer auxiliando na motivação, elaborando, avaliando e treinando com excelência seus alunos/clientes.

Enfim, nós profissionais de Educação Física temos uma grande importância na sociedade devido a ter forte influencia na vida das pessoas pois conseguimos de forma eficiente de trazer os maiores benefícios a saúde por meio da prática de exercício físico.

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Referências
Minozzo, F. C., Lira, C. A. B. D., Vancini, R. L., Silva Benedito, A. A., Fachina, R. J. D. F. G., Guedes Jr, D. P., … & Silva, A. C. D. (2008). Periodização do treinamento de força: uma revisão crítica. Rev. bras. ciênc. mov16(1), 89-97.
Sequeiros, J. L. D. S., Oliveira, A. L. B. D., Castanhede, D., & Dantas, E. H. M. (2005). Estudo sobre a fundamentação do modelo de periodização de Tudor Bompa do treinamento desportivo.

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