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A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica e progressiva que afeta o indivíduo nos domínios físicos, psicológico e social. Além disso, a EM atinge mulheres de 20 aos 40 anos, afetando suas funções motoras sensoriais e autônomas.

Das inúmeras condições físicas provocadas pela esclerose, o indivíduo afetado normalmente apresenta um quadro de fadiga, dificuldade de mobilidade, descoordenação, fraqueza e dificuldades no equilíbrio. Quer saber mais sobre o assunto? Continue lendo para entender!

O que é a esclerose múltipla?

A esclerose múltipla é uma patologia – não traumática -, crônica, inflamatória e progressiva do Sistema Nervoso Central. Ela insere-se no grupo de doenças autoimunes, causando a incapacidade neurológica de diversos adultos.

Na EM há a desmielinização da matéria branca que envolve e protege os hemisférios cerebrais, tronco cerebral, cerebelo, medula espinhal e nervos ópticos. Isso leva a um déficit da condutividade nervosa do cérebro, causando a limitação da capacidade dos neurônios de levarem e receberem informações.

A inflamação subjacente à danificação das bainhas de mielina que protegem os axónios provoca, também, limitações ao nível da condução dos impulsos nervosos no SNC. Existem dois tipos de consequências que as inflamações podem gerar no sistema nervoso. São elas:

  1. A inflamação pode ser eliminada, restaurando parcialmente as bainhas de mielina causando uma recuperação total ou parcial das funções neurológicas do paciente;
  2. A inflamação pode ser definitiva e agressiva, causando a destruição dos axônios e a substituição deles por tecido cicatrizado sem qualquer funcionalidade neurológica.

Quais são os sintomas da esclerose múltipla?

As pessoas afetadas com a esclerose múltipla tendem a apresentar sintomas diferentes uma das outras. Portanto, a desmielinização pode atingir qualquer axônio, afetando as funções controladas pelo sistema nervoso central e, por isso, há inúmeros sintomas da doença. Dentre eles podemos citar:

  1. Entorpecimento
  2. Fadiga
  3. Problemas de visão
  4. Ataxia
  5. Espasticidade
  6. Problemas no controle da micção e defecação
  7. Sensibilidade ao calor
  8. Disfunção sexual
  9. Fraqueza muscular  
  10. Défices cognitivos
  11. Disartria
  12. Perda de sentidos

O grau de incapacidade observado nos indivíduos portadores de EM pode ser dividido quatro tipos:

  • Recidivante Remitente: também conhecida por Surto Remissão, é o tipo mais comum de esclerose múltipla, caracterizando-se por uma recuperação total e remissão dos sintomas. No período intervalar entre os surtos, não se observa progressão da doença. Este tipo de esclerose múltipla pode evoluir para Secundária Progressiva.
  • Secundária Progressiva: a recuperação dos sintomas após um surto não é total, observando-se um agravamento continuado entre os surtos e, consequentemente, um aumento do nível de incapacidade.
  • Primária Progressiva: os sintomas apresentados pelos indivíduos tendem a agravar de forma constante desde o diagnóstico, observando uma evolução ou estabilização dos sintomas. Pode-se observar uma estagnação da incapacidade do indivíduo ou um agravamento progressivo.
  • Primária Recidivante: este é um tipo raro de esclerose múltipla, progredindo de forma constante desde o início, com surtos claramente identificáveis.

Quais são as formas de tratamento da esclerose múltipla?

Não existe cura para a esclerose múltipla e muito dificilmente algum tipo de fármaco dá conta, sozinho, de gerir os sintomas da doença. O principal objetivo do tratamento é minimizar os riscos de recaída e da progressão de incapacidade. Para que o tratamento seja efetivo é necessário unir a terapia farmacológica com a psicológica, física e a ocupacional.

O uso de fármacos modificadores da doença reduzem o número de novas lesões desmielinizantes ao longo do tempo, no entanto a progressiva incapacidade neurológica continua a ser comum, principalmente quando a degeneração axonal ocorre em detrimento à contínua inflamação crónica na bainha de mielina adjacente.

As pessoas que sofrem com a EM geralmente desenvolvem problemas psicológicos e físicos conforme o desenvolvimento da doença. É visando melhorar estes problemas que surgem as terapias físicas que são desenvolvidas de acordo com a individualidade de cada pessoa.

A atividade física é uma das formas para combater o declínio da força muscular, da capacidade funcional, da qualidade de vida e dos sintomas derivados das alterações atróficas associadas à diminuição dos exercícios.

A atividade física no auxílio de pessoas com esclerose múltipla

Como dito, a esclerose múltipla altera diversas funções motoras do corpo reduzindo a amplitude dos movimentos, no tónus muscular, na força, na resistência, no controle e, também no alinhamento postural.

A realização de atividades físicas diárias pode contribuir para uma melhora do quadro de uma pessoa com esclerose múltipla. Portanto, é necessário que o profissional de educação física, esteja apto para lidar com a situação do aluno, uma vez que a realização dos exercícios deverá ser feita sempre sob supervisão, tomando cuidado redobrado.

Para que o aluno melhore seu condicionamento físico, é necessário que o profissional passe um programa de resistência para melhorar o tônus muscular, a força e a resistência do músculo, bem como para promover o equilíbrio entre agonista/antagonista e grupos musculares bilaterais.

Especialistas aconselham o treino de força de duas a três sessões por semana, com cerca de três exercícios com 8 a 15 repetições para cada grupo muscular principal. Aliado ao treino de força, a flexibilidade também deve ser ser treinada para melhorar o comprimento muscular. Além disto, a realização de 30 minutos de atividade aeróbica, de intensidade moderada ao menos duas vezes por semana.

Benefícios da prática da atividade física para EM

A prática regular de exercícios físicos pode retardar os sintomas e o desenvolvimento da doença proporcionando diversos benefícios para os portadores de esclerose múltipla. Isso acontece porque logo após as atividades físicas há melhora no consumo máximo de oxigênio.

Além disso, a realização de atividades físicas pode colaborar na melhora do bem-estar e autoestima destes alunos. Principalmente se eles forem diagnosticados com depressão também.  

Quais cuidados devo tomar ao lidar com a esclerose múltipla?

Existem alguns cuidados a serem tomados durante a prática de exercícios físicos por pessoas com esclerose múltipla. Você, como profissional da educação física deve prestar atenção em alguns deles. Como:

  1. Deixe seu aluno fora da luz direta do sol
  2. Evite atividades ao ar livre prolongada durante o dia – de manhã cedo ou à noite é o melhor horário para se exercitar.
  3. Se preocupe com a hidratação do seu aluno
  4. A natação é uma ótima escolha de exercício pois mantém o aluno em forma e não o deixa aquecido por muito tempo.

Conclusão

A realização de atividades físicas em portadores de esclerose múltipla pode ajudar na retardação da doença e melhora do quadro clínico. Atividades que envolvem fortalecimento muscular e movimentos aeróbicos podem contribuir, e muito, para reabilitação do indivíduo.

Todavia, algumas precauções devem ser tomadas, uma vez que os portadores de EM não podem realizar atividades físicas expostos à luz solar por muito tempo. Cabe ao profissional da educação física ter cuidado redobrado e supervisionar de perto a realização de atividades físicas desse grupo.

Referências

PINTO, Catarina Ramos. Qualidade de vida na esclerose múltipla: influência do sentido de vida, suporte social, alexitimia, ansiedade e depressão. 2014. 56 p. Dissertação (Mestrado Integrado em Psicologia)- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Universidade do Porto, Porto, 2014. Disponível em: <https://sigarra.up.pt/fpceup/en/pub_geral.show_file?pi_gdoc_id=580503>. Acesso em: 23 ago. 2018.

RESENDE, Cristina Relvas Amorim. Influência de um Programa de Atividade Física na Aptidão Física, Fadiga e Qualidade de Vida de Pessoas com Esclerose Múltipla. 2017. 150 f. Dissertação (Mestradi em Ciências do Desporto) – Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, 2017. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/111323/2/226221.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2018.

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