Segundo dados da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), até 2017, uma em cada 160 crianças tinham transtorno do espectro autista (TEA). Ou seja: segundo estes números, a incidência de autismo seria como se, em uma escola com 1.000 alunos, 6 jovens se encontrassem nesta condição. Pode não ser um número tão alto, mas é significativo.
Existem diversas pesquisas que demonstram como a atividade física para pessoas com autismo pode ser benéfica. Esportes e exercícios físicos em geral possibilitam o indivíduo desenvolver habilidades tanto físicas quanto sociais, fator comumente mais complicado para pessoas no espectro autista.
Autismo: o que é
O TEA, amplamente conhecido apenas como autismo, é uma condição de saúde que afeta o indivíduo comportamentalmente e socialmente. Ou seja, pessoas com autismo enfrentam maior déficit em socialização e comunicação verbal e não verbal, além de possuírem comprometimentos comportamentais.
É importante lembrar que autismo não é uma doença, portanto não tem cura. Mas esta condição também não impede que o indivíduo siga com suas atividades diárias, escolares e sociais; é indicado apenas que, algumas destas atividades sejam adaptadas. A síndrome de Asperger, por exemplo, é uma síndrome do espectro autista. E pessoas com esta síndrome possuem inteligência média ou acima da média.
O diagnóstico de TEA pode ser feito ainda nos anos iniciais da vida de uma pessoa e deve ser feito com a orientação de um profissional.
Atividade física para pessoas com autismo
Praticar atividade física regularmente é importante para qualquer pessoa, pelos inúmeros benefícios físicos e psicológicos que o exercício propõe. Porém, para indivíduos com autismo, realizar esportes pode ser uma alternativa positiva não só para saúde física e mental, como também para aprimorar as condições sociais e comportamentais dos autistas. Por exemplo, muitas atividades permitem conhecer as capacidades do próprio corpo, perceber o seu corpo em relação ao outro e ao ambiente externo e colabora no entendimento do coletivo.
Algumas das atividades praticadas por indivíduos do espectro autista são aquelas aquáticas, como natação e afins. Estudos têm demonstrado que, crianças autistas que praticam natação têm aprimorado habilidades como condicionamento físico e motor, redução de estereotipias e maior interação social.
Artes marciais também são atividades consideradas positivas para o desenvolvimento de crianças autistas. Em 2016, uma pesquisa publicada na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (National Library of Medicine – NIH), abordou os efeitos das técnicas do karatê no déficit de comunicação de crianças no espectro de autismo (The Effect of Karate Techniques Training on Communication Deficit of Children with Autism Spectrum Disorders). Neste estudo, os pesquisadores utilizaram dados de 30 crianças autistas, 15 praticantes da arte marcial e 15 que não realizaram a atividade. Ao final do período estimado para a pesquisa, constatou-se que as crianças que praticaram karatê obtiveram melhora significativa nas suas habilidades de comunicação e interação social.
O papel do profissional de educação física com alunos autistas
Alunos dentro do espectro autista costumam apresentar comportamentos diferenciados dos demais. Isto pode incluir dificuldade na fala, movimentos repetitivos e inexpressivos e dificuldade em entender ironias e recursos de comunicação. Portanto, para orientar da melhor maneira possível este aluno, o profissional deve estar atento às características e formas de expressão deste indivíduo. Também, é importante permitir a socialização deste aluno a fim de ambientá-lo com os outros colegas.
Conclusão
Então, o ideal é que, crianças diagnosticadas com autismo pratiquem atividade física desde cedo. Além de esportes possuírem inúmeros benefícios para saúde física adulta e infantil, para indivíduos autistas estas atividades podem ser super positivas para socialização e interação do aluno com outros colegas. A área acadêmica acerca de estudos com pessoas do TEA ainda é pouco desenvolvida, apesar de ser um tema atual e de extrema importância. Mas lembre-se: um bom profissional de educação física deve sempre se manter informado e preparado para lidar com todos os seus alunos; isto é primordial para a profissão.
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