É muito comum encontrarmos milhares de estabelecimentos voltados para condicionamento físico e reabilitação. A cada esquina existe um Studio de Pilates, uma academia, o que quer que seja. Entre tantas opções, o melhor diferencial é ter uma aula perfeita pro seu aluno!
A preparação da aula varia de pessoa para pessoa. Cada um escolhe o jeito que mais lhe agrada, e ninguém está realmente errado. Na verdade, não é só a preparação que leva você ao sucesso ou ao fracasso, todos os detalhes importam.
Pensemos na primeira aula. Assim que ela terminar o aluno decidirá se gostou do seu trabalho, seu jeito de explicar os exercícios e de lidar com ele em geral.
Durante as próximas aulas ele procurará algo a mais: resultado. Essa é sua principal arma de fidelização de clientes, resultados.
Para te ajudar a fidelizar clientes e se destacar da concorrência separei 10 dicas para uma aula perfeita. Com elas você terá certeza que o aluno saiu satisfeito, além de conseguir garantir os resultados que ele tanto quer. E no final tem uma dica bônus, você não pode perder!
Continue a leitura para aprender a planejar um aula perfeita!
Por que o aluno procurou minhas aulas?
Essa não é uma dica, mas sim uma pergunta que você precisa se fazer toda vez que começar a atender uma pessoa nova. Por que essa pessoa veio para cá? O que eu posso oferecer a ela? Como preparar a aula perfeita para ela?
Os motivos para procurar uma atividade física são muitos. Aquele paciente que veio fazer fisioterapia talvez queira se livrar da dor nas costas que atrapalha seu rendimento no trabalho.
Ele também pode estar precisando de um tratamento pós-operatório para evitar que algum problema de saúde retorne.
Também existem aqueles que recorreram ao Treinamento Funcional porque queriam perder peso, melhorar o visual ou ficar com o corpo mais definido.
Ou sua aluna pode ser uma gestante que quer manter a saúde durante esse período complexo e achou que o Pilates seria a atividade ideal.
Cada um tem seu motivo e você, o profissional, precisa descobrir isso. A motivação do cliente será seu principal guia durante a preparação da aula.
Precisamos ajudar essas pessoas a atingirem seus objetivos e escolher os exercícios mais adequados para preparar a aula perfeita.
Quero que você pare e pense sobre essa motivação. Só depois disso poderemos começar com as dicas seguintes, caso contrário elas não te ajudarão em muita coisa.
1. Incentive a frequência do aluno
A responsabilidade por atingir resultados durante as aulas não é inteiramente nossa. Os alunos também participam ativamente desse processo, tanto que sem sua ajuda o tratamento pode falhar completamente.
O primeiro passo para que suas aulas sejam perfeitas e conquistem completamente aquele cliente é convencê-lo a ajudar. E como ele pode fazer isso? Primeiramente, ele precisa ir à aula.
Às vezes a pessoa precisa acordar cedo para ir à fisioterapia antes do trabalho, ou sair do escritório e ir direto para o studio de Pilates. É cansativo? Sem dúvida, mas muito necessário.
Faltas parecem inocentes, mas atrapalham nosso trabalho. As aulas precisam ser como um remédio na vida do paciente, se ele consegue tomar comprimidos todos os dias nos mesmos horários consegue comparecer e fazer os exercícios.
Outro problema que encontro bastante por aí são as pessoas pouco pontuais. Elas atrapalham a si mesmas e, caso façam aula em grupo, ao andamento da aula de outros alunos.
Incentive esses indivíduos a chegarem no horário para que a aula consiga seguir da maneira planejada e com fluidez.
Por fim, também lembre sempre a seus clientes a importância de obedecerem às instruções dadas.
Um exercício eficaz precisa de uma carga correta, com repetições corretas feito da maneira correta. Se o aluno desrespeitar essas necessidades ele fará um movimento pouco eficaz para atingir seus objetivos.
2. Tome cuidado com compensações e desequilíbrios musculares
Pessoas com desvios posturais, compensações e desequilíbrios musculares são casos extremamente comuns na nossa profissão. A aula perfeita respeita o corpo como um todo, sem deixar nada de fora.
Talvez eles te procurem para resolver outros problemas e patologias, mas o desvio é extremamente importante.
Quando o aluno realiza um exercício, mesmo que da maneira correta, ele precisa estar com a postura correta e evitar compensações. Caso contrário correrá o risco de realizar um movimento pouco eficaz.
Minha dica é corrigir qualquer tipo de desequilíbrio antes de começar a tratar o problema em si. Talvez essa seja até uma das origens da dor ou patologia que seu cliente apresenta.
Preste atenção especial a musculaturas que tem predisposição ao encurtamento, como:
- Tensor da fáscia lata;
- Gastrocnêmico e sóleo;
- Peitoral maior;
- Piriforme;
- Eretores espinhais;
- Trapézio superior;
- Retofemural;
- Quadrado lombar;
- Elevador de escápula;
- Esternocleidomastóideos;
Lembrando que as musculaturas diretamente antagonistas às musculaturas mencionadas têm tendência ao estiramento.
Recomendo utilizar uma boa avaliação para descobrir os desequilíbrios que seu aluno apresenta. Dessa maneira você consegue trabalhá-los desde o princípio e deixa suas aulas mais eficientes.
Também devemos estar sempre atentos à postura do aluno. Se ele realizar um exercício com a postura errada afetará o resultado do exercício e essa posição pode ser um dos motivos do desequilíbrio.
Ficar numa posição de fechamento de cadeia anterior é muito comum hoje em dia. Ele é um hábito a ser combatido, especialmente em nossos pacientes que tentam melhorar através do movimento.
3. Observe os fatores psicológicos do aluno
As patologias são fortemente influenciadas pelo estado emocional de cada um. Então quando você recebe alguém com lombalgia, por exemplo, ela pode ter surgido devido a estresse e nervosismo.
Um detalhe que vale a pena lembrar: mesmo que a dor seja psicológica ela gera lesões reais que precisam de acompanhamento médico e tratamento.
Sabemos que os dias de nossos pacientes tendem a ser muito corridos e estressantes. Todas as pressões externas geradas por obrigações como o trabalho levam a adaptações do corpo.
Adaptações desse tipo costumam ser negativas levando ao desenvolvimento de patologias, desequilíbrios e afins.
Alguém muito estressado e preocupado cria mais rigidez no corpo porque suas musculaturas tencionam mais. Portanto, esses músculos aguentam menos carga, têm sua resistência e elasticidade diminuída e tornam-se mais doloridos e com maior risco de lesão.
Outro problema criado pelo nervosismo do dia-a-dia é a tensão gerada ao redor da região das costelas, que prejudica a capacidade respiratória do indivíduo.
O que isso tem a ver com o fisioterapeuta, instrutor ou professor que só está resolvendo problemas físicos? Para que o atendimento tenha um resultado real é necessário entender exatamente o que gerou aquele desequilíbrio.
4. Respeite os limites da dor
Boa parte das pessoas que buscam ajuda nos consultórios e studios querem se recuperar de uma patologia, lesão ou problema muscular. Em geral elas foram motivadas pela dor para te encontrar.
Durante as fases iniciais do tratamento a dor sempre estará presente como um fator limitante do movimento. Se não soubermos lidar com ela, nosso paciente vai sofrer e ter maiores dificuldades para se recuperar.
Por exemplo, imagine um paciente com dor no joelho que não consegue realizar um exercício de afundo. É melhor evitar esses movimentos se ele sente dor, é um sinal de que ele ainda não está preparado para realizar o movimento.
“Vou retirar completamente o exercício do tratamento do aluno? ”
Não. Conforme as musculaturas de base forem fortalecidas e os desequilíbrios musculares corrigidos seu aluno apresentará um alívio na dor.
Então poderemos evoluir o tratamento e incluir aos poucos aquele movimento que anteriormente era dolorido.
Também podemos facilitar o exercício de uma maneira que a pessoa consiga realizar sem dor.
Por exemplo: diminua a amplitude do movimento até o aluno parar de reclamar de dor, use um número de repetições menor ou adapte o exercício de uma maneira que ele consiga fazer sem sentir dor.
DICA! No início de toda aula oriente seu aluno a te avisar quando estiver sentindo dor ou se a dor piorar. Algumas pessoas sentem vergonha ou não acham que não é importante mencionar a dor, podendo gerar lesões ou piorar seu estado.
5. Observe o paciente como um todo
Sempre falo em meus textos e vídeos: precisamos ver o aluno como uma pessoa inteira.
Aquela senhora de meia idade com hérnia de disco lombar não é só uma lombar que você vira para um lado e para o outro durante os exercícios.
Primeiramente, ela é uma mulher que trabalha num escritório durante o dia e cuida dos filhos à noite.
Todo seu corpo está em atividade durante esses períodos, mesmo que desequilibrado. Então por que observariamos só a hérnia de disco em aula?
Observar somente a parte afetada pela dor ou patologia é um erro comum e qualquer um pode cometer de vez em quando. Por isso, é bom ficar atento para a maneira com a qual você trabalha com seu paciente.
Lembre-se sempre que o corpo é todo formado por cadeias musculares e fasciais, que por mais que a pessoa tem uma dor na região lombar, por ação das cadeias essa dor pode ter origem em um local distante como o tornozelo.
Outro exemplo, um aluno pode ter uma lesão no ombro com origem na falta de mobilidade de seu quadril.
6. Preste atenção a fatores externos
Assim como os fatores psicológicos, o mundo externo onde nosso aluno vive influencia na melhora ou não de sua patologia.
Durante aquele tempo de aula a pessoa está acompanhada por um profissional competente pronto a corrigir seus movimentos, mas no resto do tempo ele está sozinho.
Alguns fatores como ambiente de trabalho, esportes e até rotina podem causar ou piorar lesões e patologias.
Tente conhecer esses fatores e como eles influenciam o corpo de seu aluno, sempre pensando que se eles permanecerem como estão seu trabalho em aula pode ser inútil.
Um bom exemplo são nossos pacientes que praticam atividades físicas. Muitas vezes eles realizam um movimento de maneira errada repetida vezes e essa foi inclusive a causa de sua lesão.
Quem senta com uma postura errada no trabalho também pode estar causando um desequilíbrio muscular e precisa corrigir-se.
7. Mantenha seu aluno hidratado
A dica de estar sempre hidratado também vale para nossos pacientes. Com a correria diária, é normal que as pessoas esqueçam de tomar água com frequência e até achem isso pouco importante.
Mas é importantíssimo para a saúde delas e também para os resultados do tratamento. Já vou explicar por que.
Em primeiro lugar, tomar água melhora a saúde em geral e também a disposição. Sabe o que isso significa? Que o aluno fica menos cansado e sonolento e mais pronto para fazer os exercícios.
Além disso, a água é responsável por diminuir as toxinas ingeridas pela alimentação e produzidas pelo corpo. Portanto, alguém bem hidratado terá uma sensação de bem-estar maior.
Quanto aos benefícios ao corpo, existem muitos. As articulações e cartilagens precisam de água para manterem-se hidratados e em bom estado.
Elas são responsáveis pela fluidez do movimento e serão prejudicadas na ausência de líquido.
Um corpo desidratado apresenta articulações e cartilagens ressecadas porque o organismo escolhe usar o líquido em regiões onde existe maior urgência.
O resultado é uma possibilidade de lesão muito maior e problemas de movimento.
Minha dica: mantenha um bebedouro acessível para os alunos em seu espaço e incentive que se hidratem durante as aulas e fora delas.
Mostre os benefícios que essa simples ação tem em suas vidas, às vezes a conscientização é a melhor maneira de incentivar uma mudança de hábito.
8. Compartilhe a responsabilidade pelos resultados
Sua aula será responsável pela melhora do paciente, mas será que a responsabilidade é só sua?
O profissional não deve estar sozinho no processo de reabilitação. O envolvimento do aluno nisso é essencial para que exista uma verdadeira melhora.
Ele não pode esperar que só os exercícios feitos em aula consigam resolver seu problema.
Como o aluno pode colaborar com as aulas? Principalmente com a mudança de hábitos. Lembra do que falei sobre hidratação, posturas e fatores externos?
Todos eles estão intimamente ligados à vida pessoal do aluno.
Não adianta muito eu pedir que a pessoa beba água durante a aula se ela vai ficar desidratada depois.
O mesmo vale para a postura, se eu corrigir com exercícios e ela voltar a sentar em frente ao computador com a cadeia anterior fechada o problema voltará a aparecer.
Quer descobrir uma maneira perfeita para que seu aluno aprenda que a responsabilidade pelos resultados é compartilhada? Comece a passar lição de casa.
Vejo muitos profissionais receosos com isso. O aluno pode não conseguir fazer o movimento da maneira certa, pode se machucar ou algo do tipo.
Tudo bem, mas mesmo que a pessoa não faça um exercício de dever de casa ela vai limpar a casa, trabalhar, cuidar do cachorro, dirigir e muitas outras atividades.
Ela pode se machucar em qualquer uma delas e faz assim mesmo. Não adianta pedir para que ela evite movimentos, precisamos deixar o corpo preparado para isso.
Pelo menos os deveres que você passar serão orientados para que exponham o paciente ao menor risco possível.
O principal do dever de casa é demonstrar como nossas 3, 4 horas semanais de aula não são capazes de completar o trabalho sozinhas.
Ao fazer esses exercícios a pessoa compreende que precisa trabalhar para seu próprio bem-estar.
9. Desenvolva os movimentos ao invés de limitá-los
Movimentos limitados promovem fraqueza muscular, rigidez articular e inaptidão física.
Ainda assim, tem gente que fica com medo de pedir para os pacientes, especialmente com patologias ou dor, fazer alguns movimentos.
Assim como já falei sobre o dever de casa, é impossível proibir seu aluno de se mexer. Ele precisa cuidar da casa, do trabalho e da vida em geral e não vai parar por causa da patologia.
Certamente, um corpo despreparado, seja de atletas ou pessoas normais, pode levar a lesões devido aos movimentos.
Portanto, durante a aula é importante incentivar a percepção corporal e fortalecer musculaturas que apresentem problemas.
A ativação muscular efetiva consegue melhorar a qualidade de vida do aluno e a propriocepção eficaz. Se você preparar seu aluno ele está pronto para fazer qualquer movimento dentro ou fora da aula.
10. Fique sempre atualizado
Se os resultados são a maior ferramenta para fidelizar clientes, o conhecimento é a melhor maneira de conseguir resultados. O campo científico está sempre em modificação conforme novas informações surgem.
Nós precisamos investir em capacitação constantemente. Procure cursos, materiais e novidades para estar sempre a par do que acontece nessa área. É a melhor maneira de convencer os clientes da sua capacidade como profissional.
Tente pensar na capacitação como um diferencial entre você e a concorrência. Sabemos que surgem cada vez mais profissionais em áreas da saúde, reabilitação e bem-estar, então um de nossos deveres é superá-los todos os dias.
DICA EXTRA PARA UMA AULA PERFEITA: número de repetições na aula
Recebo várias perguntas a respeito do número de séries e repetições ideal para os alunos. Só posso responder que esse número mágico não existe, ao menos a meu ver. Uma aula perfeita é aquele que respeita a capacidade do aluno.
Cada aluno é único e tem necessidades diferentes, então use uma média de repetições que possam variar de acordo com a resistência e condição de seus pacientes.
Para aprender um movimento não existe nada melhor que a repetição, não adianta também você em cada aula trabalhar um exercício diferente, pois ele dificilmente vai aprender a fazer aquele movimento de forma perfeita.
Eu sempre falo que prefiro exercícios eficientes do que exercícios diferentes. É claro que é importante variar os estímulos, mas não posso fazer que isso impeça meu aluno de aprender corretamente os exercícios propostos.
Buscamos no exercício a excelência do movimento. Portanto a primeira repetição precisa ser exatamente igual à primeira. Quando dizemos para o aluno fazer 10 repetições ele começa a se cansar na 7ª, na 10ª o movimento já estará errado. Qual seria o problema de fazer 7 repetições, descansar e fazer mais 7?
Em outros casos damos poucas repetições para o aluno. Se você passou 5 repetições e ele fez sem problemas, podemos pedir para fazer mais algumas repetições.
Eu tento não deixar um número fixo de repetições para meus alunos. Tento buscar sempre o equilíbrio, encontrando onde o está o limite do aluno e deixando-o chegar quase lá.
O mais importante de tudo é a qualidade no movimento, então escolha um número de repetições e séries pensando nisso. Não importa se você definir um número de repetições pequeno por série se o aluno está fazendo o movimento da maneira correta. Tudo é relativo e depende muito do aluno.
Outra pergunta que recebo bastante é sobre mais ou menos quantos exercícios devem dar por aula. Alguns alunos podem fazer vários exercícios em uma hora de aula perfeitamente, outros só conseguem 5. Não importa, contanto que o objetivo desses movimentos seja cumprido, será uma aula perfeita.
Conclusão
Como sabemos, conquistar um cliente às vezes é algo difícil. Ele pode ser resistente a trabalhar com você por um número variado de fatores, mas existe uma maneira perfeita para convencê-lo a ficar. Dando uma boa aula.
Boa parte dos fatores que fazem uma boa aula estão relacionados ao paciente. Precisamos prestar atenção a suas necessidades e tratar seu corpo como um todo, não só a área da disfunção.
Aproveite as dicas para deixar a sua aula perfeita para o seu aluno, melhorar a satisfação deles e talvez conseguir ainda mais alunos.
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