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Hoje a corrida de rua tem sido um dos esportes mais procurados pelas pessoas que querem se manter fisicamente ativas. Com isso, a indústria dos tênis esportivos tem posto à venda todos os tipos de tênis para diferentes tipos de pisadas na corrida: pisadas neutras, pronadas e supinadas. Embora haja questionamentos quanto à eficácia do uso de calçados específicos para cada pisada (um belo tópico para uma próxima conversa), é importante avaliarmos o tipo de pisada que o paciente apresenta na hora de correr. Que tal tentarmos entender como caracterizar e reconhecer os tipos de pisadas na corrida?

Avaliação das pisadas na corrida

A primeira coisa a se destacar é que a avaliação da pisada do seu paciente se torna mais eficaz quando o indivíduo está descalço, uma vez que o uso de algum calçado pode alterar a pisada. Mas, se, por qualquer motivo, o paciente não conseguir fazer esta avaliação sem o tênis, não tem problema. Faça calçado mesmo!

A avaliação da pisada na corrida é realizada na fase de resposta à carga. Nesta fase o quadril, o joelho e o tornozelo estão alinhados um em cima do outro. Inclusive, esse posicionamento é mais fácil de ser observado quando seu paciente está de lado. 

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A fase de resposta à carga é importante porque é nela que ocorre a maior descarga do peso no corpo. Consequentemente, é nesse momento que o pé absorve a maior força do corpo, que corresponde a quase 3 vezes o peso corporal. Portanto, para tentar absorver tamanho impacto, o corpo responde a este movimento como uma mola, ou seja: ele “se dobra” todo, gerando flexão do quadril (discreto, mas ocorre!), flexão do joelho e flexão do tornozelo. Essa fase é caracterizada por um pico de flexão do corpo e, nesse momento, o centro de gravidade está localizado mais distalmente. 

Por que a Fase de resposta à carga é importante

É na fase de resposta à carga que iremos classificar a pisada do paciente como: neutra, pronada ou supinada.  Lembre-se que é nessa fase que avaliamos a pisada, e não durante a aterrissagem, nem durante o início da fase de voo! Este é um passo muito importante.

Por exemplo, na fase de contato inicial, quando o pé toca o chão, é comum que ocorra uma leve supinação (fisiológica) e isso não quer dizer que a pessoa tenha uma pisada supinada. Por isso, lembre-se sempre que a avaliação do tipo de pisada na corrida é realizada na fase de resposta à carga! 

Classificação da pisada

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Antes de conversar sobre a classificação da pisada, é importante salientar que nem sempre a pisada que o paciente apresenta na avaliação postural estática é a mesma que ele apresenta durante a corrida. Dessa maneira, é uma boa também alternativa avaliar o paciente correndo, se o esporte que ele pratica envolve a corrida. Porém, antes, vamos frisar mais uma vez que a classificação da pisada é referida na fase de resposta à carga. Para facilitar o entendimento, vou iniciar a descrição da corrida pela primeira fase, a fase de contato inicial.

É normal que no início da passada, no contato inicial o pé toque o chão em leve supinação. Assim, quando o corpo começa a absorver o impacto, ou seja, na fase de resposta à carga, o pé começa a fazer uma pronação, girando para dentro. Então o “normal” (o neutro) é que o pé prone na resposta à carga (em média 8° a 15°). Dessa forma, a pisada é classificada como neutra quando ela apresenta uma discreta pronação na fase de resposta à carga. 

Entretanto, quando o pé inicia a fase de contato inicial supinado (como esperado), mas durante a fase de resposta à carga o pé não prona de forma esperada, ou seja, tem poucos graus de pronação (até 8°). Portanto, sem a pronação fisiológica, a pisada é classificada como supinada. 

Agora, quando o pé inicia a fase de contato inicial supinado (como esperado), mas “cai” muito para dentro, ou seja, ocorre uma pronação excessiva do pé na fase de resposta à carga (ao invés de pronar discretamente, fisiologicamente, o pé prona excessivamente, mais que 15°), classifica-se a pisada como pronada.

Quantificação X Classificação das pisadas na corrida

É importante ressaltar aqui que há bastante divergências entre a quantificação da classificação das pisadas na corrida. Quando falamos em graus de pronação, ocorre uma variação grande desses valores. Mas o importante é entendermos a forma com que observamos a pisada e o que seria o esperado naquele momento. Não precisamos seguir os números como pontos de corte, pois temos que lembrar que nosso corpo não é uma máquina e que nem todos os estudos que avaliaram essa questão o fizeram com amostras grandes.

Então, observe o movimento e a qualidade da pisada na hora da avaliação do seu paciente. Além disso, lembre-se que os estudos evoluem rapidamente, e os números podem sofrer alterações também. Adicionalmente, devemos ter em mente que existem questões da variação em relação à cultura e biotipos de corredores.

Conclusão

Os estudos ainda são divergentes quanto a questão de quais os tipos de pisadas na corrida proporcionam maior possibilidade de lesão. Há estudos que, inclusive, não correlacionam a pisada pronada com lesão, como o estudo de Nielsen et al (2014). Embora haja discrepâncias sobre o assunto, o importante é avaliar o tipo de pisada do seu paciente, porém não esquecer de avaliar o paciente como um todo. A história pregressa de lesão, o volume de treinamento, a força e flexibilidade musculares, estabilidade articular são pontos importantes a serem considerados.

Ademais, não podemos tirar conclusões precipitadas, apenas pelo tipo de pisada. Existem corredores que correm com pisada pronada e nunca se lesionaram, assim como tem corredores que pisam neutro e já se lesionaram. Dessa mesma forma, não deveríamos nos ater tão rigidamente à números, assim como não devemos ser tão focados em classificações e padrões. Lembre-se que seu paciente é um conjunto de sistemas que interagem entre si e que todos os sistemas físicos dele trabalham em prol do movimento. 

Referências

Nielsen, R. O., Buist, I., Parner, E. T., Nohr, E. A., Sørensen, H., Lind, M., & Rasmussen, S. (2014). Foot pronation is not associated with increased injury risk in novice runners wearing a neutral shoe: a 1-year prospective cohort study. British journal of sports medicine48(6), 440-447.

Ceyssens, L., Vanelderen, R., Barton, C., Malliaras, P., & Dingenen, B. (2019). Biomechanical risk factors associated with running-related injuries: a systematic review. Sports medicine49(7), 1095-1115.

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