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Esse artigo versa sobre um fenômeno atual: o aumento da procura por exercícios em academias, em especial a musculação, os aspectos benéficos e os cuidados inerentes a esta prática.

Além de alertas em virtude de comportamentos contemporâneos que priorizam alcançar certos objetivos, mesmo que isso prejudique muito a saúde.

Apresentamos aqui alguns resultados de trabalhos publicados, pois embora o aumento da prática de atividades físicas satisfaça, nós, Profissionais de Educação Física, não acreditamos na máxima que “fazer qualquer coisa é melhor que não fazer nada”.

Visto que, a prática incorreta de movimentos pode gerar a redução das funcionalidades, além de hábitos que em longo prazo não se mostram saudáveis.

Não existe uma data precisa a respeito do inicio da musculação, provavelmente o homem pré-histórico já fazia exercícios no qual media sua força levantando e arremessando pedras pesadas (PRAZERES, 2007).

Quando entendemos musculação como o ato de erguer peso, existem registros que comprovam esta pratica desde o começo dos tempos (COSTA, 2004).

Esse gráfico do Vigitel,em 2013, atesta o comentado acima. A musculação por fatores como segurança e por que não destaca a exposição da mídia, está entre as modalidades físicas mais praticadas do Brasil (gráfico 1).

Gráfico 1: Modalidades físicas mais praticadas no Brasil

Gráfico retirado do estudo Vigitel, feito em 2013.

A busca pela melhoria da qualidade de vida e da saúde e a preocupação com a estética corporal também são motivos que impulsionam as pessoas a optar pela prática de exercícios físicos em academias (Saldanha et al., 2008).

No entanto, um fato que chama atenção é que, muitas vezes, a procura por um ideal estético se sobrepõe à busca pela saúde (Zanetti et al., 2007).

Alves et al., (2009) aponta que é cada vez mais evidente que a insatisfação corporal e que o enquadramento corporal nos padrões estéticos estabelecidos culturalmente tem levado os indivíduos à procura de recursos, como a prática de exercícios físicos exagerados ou recursos farmacológicos mesmo quando sabem as consequências.

Verifica-se essa realidade nas academias de ginástica, onde em muitos casos a aparência física é o único objetivo em detrimento da saúde.

A maneira como a imagem corporal tem sido divulgada e trabalhada pela mídia pode ser um dos fatores influentes para o desenvolvimento de transtornos de imagem.

O complexo de Adônis é um exemplo disso, ele pode levar a pessoas terem comportamentos narcisistas e autodestrutivos.

A percepção corporal alterada aliada à vontade constante de se enquadra em um determinado grupo social pode levar o sujeito a desencadear problemas associados com Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) (GODINHO et al, 2016).

Dentro deste modelo de transtorno surge um subgrupo, onde se enquadra a Dismorfia Muscular (DM), um modelo atual que enquadra as alterações de percepção relacionadas à busca pelo corpo hipermusculoso (NASIO, 1995).

Em pesquisa realizada no campeonato norte-nordeste em Fortaleza em 2016, por exemplo, verificamos que mesmo atletas prestes a competir apresentam insatisfação com seu corpo como demostra o gráfico 2.

Isso agrava ainda mais o fato, afinal competidores que estão diariamente praticando atividade física, se alimentando corretamente e utilizando suplementos, muitos também não se sentem bem com seu corpo.

Gráfico 2: Insatisfação corporal

Distribuição dos atletas nas categorias de insatisfação corporal, permitindo observar maior concentração de indivíduos com Insatisfação Mediana, foram nove atletas dos dezessete, representando 52,94% do total.

Gráfico retirado do estudo Godinho, perfil e incidência de lesão em competidores cearenses de musculação competitiva, uma ampla abordagem, feito em 2016

Outros distúrbios que acometem as pessoas com objetivos estéticos que sobrepõe à saúde, além do supertreinamento englobam técnicas nutricionais que por vezes podem ser perigosas além do uso de substancias farmacológicas sem a devida prescrição e não em virtude de sua farmacologia prescritiva.

Em estudo epidemiológico de corte longitudinal, de cunho descritivo, direto e exploratório, foram entrevistados 71 atletas de musculação competitiva, residentes no estado do Ceará.

A coleta de dados se deu entre os anos de 2013 a 2015, durante 6 competições (2 campeonatos cearenses e 4 opens) e contou com questionário próprio de respostas simples, apenas sim ou não.

A coleta reuniu dados sobre a  motivação para iniciar no esporte, uso de EAA(Esteróides anabólico-androgênicos) , suplementos alimentares utilizados, prática de exercícios aeróbicos, quanto tempo compete, acompanhamento nutricional, lesões adquiridas, acompanhamento por profissional de educação física e tempo de treino.

Dois resultados que pretendo destacar referem-se a consulta do profissional de nutrição para realizar a dieta ( gráfico 3) e o uso de esteroides anabólicos (gráfico 4).

Gráfico 3 – Competidores que possuem acompanhamento de nutricionistas.

Gráfico retirado do estudo Godinho, perfil e incidência de lesão em competidores cearenses de musculação competitiva, uma ampla abordagem, feito em 2016.

Como verificamos no gráfico, apesar dos praticantes consumirem suplementos nutricionais, fazer o controle de sua dieta e perderem de forma abrupta um peso relativamente alto, quase 70% destes atletas declararam não possuir acompanhamento nutricional por nutricionista.

Gráfico 4 – Usuários de EAA (Esteroides Anabolizantes)

Gráfico retirado do estudo Godinho, perfil e incidência de lesão em competidores cearenses de musculação competitiva, uma ampla abordagem, feito em 2016.

Os EAA são utilizados por frequentadores de academias e praticantes de musculação competitiva. Estes sujeitos buscam em meios exógenos um auxílio para seu desenvolvimento muscular. Neste estudo pode-se observar que mais de 57% dos entrevistados afirmaram utilizar-se de esteroides.

Não seria difícil de conjecturar que os demais também façam uso, porém, por amarras sociais ou mesmo culturais, creem não ser adequado declarar esta prática.

Conclusão

Alguns resultados mostrados acima preocupam a comunidade de estudiosos da pratica física em geral, visto que quando fatores como saúde e sociabilização estão como prioritários, incentiva-se a procura pela atividade física.

Contudo a busca por padrões por vezes inatingíveis podem trazer graves consequências aos indivíduos. Deixamos um alerta também ao profissional responsável pelo contato desta pessoa com a musculação, este tem que deixar claro que a saúde e bem estar do individuo se sobrepõem a corpos pré-estabelecidos pela mídia.

O profissional da área de Educação Física promove a saúde das pessoas através da prática de atividades físicas, além planejar, supervisionar e coordenar programas de atividades físicas, esportivas e recreativas.

De uma maneira geral, seu trabalho consiste em acompanhar e orientar as pessoas durante a prática de esportes ou exercícios físicos e seu público é bastante variado.

É importante frisar que o professor de Educação Física não pode prescrever ou “orientar” dietas, indicar e prescrever suplementos alimentares ou trabalhar com a reabilitação de lesões, a menos que tenha outra graduação como nutrição ou fisioterapia que o habilite.

Para finalizar, fica a sugestão para o praticante de musculação procurar um profissional de Educação física devidamente registrado no Conselho de Educação Física.

A regulamentação da atividade provém da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, e afirma que “o exercício das atividades de Educação Física” e a designação de “Profissional de Educação Física” passaram a ser “prerrogativa dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física”, como estabelece o seu art. 1º.

Referências Bibliográficas

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GODINHO, W, D, N; VASCONCELOS, F, S, L; SILVA, O, J, E; MARTINS, A; SOARES, P, M. Perfil e incidência de lesão em competidores cearenses de musculação competitiva, uma ampla abordagem. Revista SODEBRAS, v. 11, p. 201-204, 2016b.
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PRAZERES, M. V. A prática da musculação e seus benefícios para a qualidade de vida: Tese (graduação em Educação Física) – Centro de Educação Física, Fisioterapia de Desporto, Universidade do Estado de Minas Gerais, Formiga, p. 1-23, Florianópolis, 2007.
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