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O Profissional de Educação Física estuda para lidar com o movimento; anatomia, cinesiologia, biomecânica e fisiologia; Estas são apenas algumas das disciplinas que nos aprofundamos para poder prescrever um bom treinamento. Porém, quando se está atuando na área, é bem claro que apenas isso não basta, é necessário entender de pessoas, lidar com emoções, proporcionar um bom atendimento e principalmente, saber como lidar com a motivação na academia.

Quando estamos atuando na área devemos ter a consciência que não estamos trabalhando para um amontoado de músculos, mas para um ser humano, que possui características físicas, afetivas, psicológicas e sociais únicas e que o profissional necessita compreender. Hoje vamos falar, então, sobre como manter este cliente motivado, sustentando sua prática por mais tempo e fazendo com que os resultados apareçam.

Em nossa realidade contemporânea, se tratando da academia, seu primeiro “boom” foi na década de 1980, quando as pessoas começaram a praticar exercícios nesses locais com mais freqüência, porém, com o aumento da tecnologia e das mudanças culturais, a sociedade foi se tornando sedentária.

A qualidade de vida das pessoas está prejudicada em nível psicológico pelos altos níveis de estresse e alimentação inadequada, favorecendo o ganho de peso, sendo este favorecido ainda pela falta da prática de exercícios físicos.

Sedentarismo: um pilar das doenças cardíacas

O acesso à informação tornaram as pessoas mais conscientes das escolhas que estão fazendo para as suas vidas e por isso buscam o exercício físico como uma necessidade para melhorarem suas vidas, fisicamente e mentalmente. Mas também há aqueles que buscam para a melhora da saúde, convívio social, mas também por motivos estéticos.

A mídia contribui para fomentar a grande procura de academias, porém esta divulga corpos esteticamente perfeitos e modelados o tempo todo, vendendo estes corpos como o símbolo do sucesso – afinal, quem de nós não quer ter sucesso? Porém, um corpo bonito necessariamente não determina ser bem sucedido e, muitas vezes os corpos divulgados são corpos que não condizem com a realidade vivida por estes clientes.

Por isso, você profissional, mais do que nunca, precisa ter senso crítico e escutar as verdadeiras motivações que colocaram aquele cliente à sua frente e conscientizá-lo de buscar um objetivo saudável e alcançável. Os que buscam os corpos expostos pela mídia, em sua maioria, não os alcançaram, o que vem seguido de uma grande frustração, prejudicando assim a qualidade de vida e saúde desses clientes – justamente o que queremos evitar. Esse é um pequeno exemplo de como a motivação extrínseca pode ser danosa.

Motivação extrínseca? Calma, professor, estamos chegando lá.

Já vimos que é preciso compreender qual a motivação do cliente; para isso é preciso compreender quais os fatores e processos que fizeram seu cliente tomar essa decisão. É fundamental compreender, portanto, que devemos priorizar qualidade, ao invés de quantidade, quando falamos sobre motivação do cliente.

Esta pode ser extrínseca, como por exemplo, estar em busca de um corpo que corresponde com o ideal de beleza para ser aceito em um determinado grupo, ou intrínseca, o que nos leva à teoria da autodeterminação.

Em suma, um grande número de indivíduos está desmotivado ou não está suficientemente motivado para ser fisicamente ativo, ou é motivado por tipos de motivações externas que não podem levar à uma atividade sustentada. Isso nos leva à teoria da autodeterminação. Chegamos lá, Professor!

A teoria da autodeterminação é uma teoria da motivação humana que segue uma linha humanista, focada em fundamentos como a satisfação das necessidades, autorrealização e realização do potencial humano. É uma teoria em abrangente evolução sobre a personalidade humana e sobre a motivação do comportamento. Para compreender melhor essa teoria é preciso compreender que ela distingue dois tipos de motivações que orientam o comportamento humano, sendo elas a intrínseca e a extrínseca.

A teoria da autodeterminação ainda introduz o conceito das necessidades psicológicas básicas, como suportes necessários para manutenção da motivação autônoma.

Estas necessidades são:

Relacionamento – sentimento de conexão com o grupo;

Autonomia – sensação de poder de escolha

Competência – percepção da autoeficácia

O que fez seu cliente iniciar?

A motivação intrínseca se dá quando o indivíduo está praticando uma atividade por causa de suas satisfações inerentes – quando a motivação é dessa fonte o indivíduo experimenta sentimentos de prazer, com o exercício que corresponde com suas habilidades, realização pessoal e emocional.

Não vamos confundir “realização pessoal” com “reconhecimento social”, a realização pessoal não necessita de tapinhas nas costas de ninguém, basta ter feito e você se enche com a satisfação de simplesmente ter realizado, feliz por você e com você. O reconhecimento social pode até mesmo surgir, mas o indivíduo não é dependente dele, não sente prazer somente se for reconhecido externamente, o prazer vem de fonte intrínseca.

Já a motivação extrínseca está ligada à prática do exercício por algum interesse externo, como para ganhar alguma recompensa tangível, social ou evitar desaprovação. O indivíduo pratica o exercício, mas o sentido do exercício não está dentro dele, antes, fora.

E o que acontece se o indivíduo se compromete, se exercita regularmente e, no final das contas, não consegue o reconhecimento externo que está esperando?

Afinal, ele está dependente do meio externo, não é porque eles fez o que achava que tinha de ser feito que necessariamente conseguirá o que procura fora de si. A frustração é um provável sentimento que pode aparecer, resultando possivelmente no abandono da atividade.

Muitas vezes esse indivíduo nem chega a ir tão longe, porque os indivíduos que possuem motivações extrínsecas com o exercício possuem a tendência de permanecer por menos tempo na prática, ou seja, não sustentam a atividade por muito tempo.

A motivação na academia

A teoria da autodeterminação ainda introduz o conceito das necessidades psicológicas básicas, como suportes necessários para manutenção da motivação autônoma. Estas necessidades são:

Esses três fatores são necessidades básicas que todos nós desejamos nutrir, todos são nutrientes essenciais e universais para a saúde psicológica e o desenvolvimento da motivação interna.  Por exemplo, é preciso que o professor siga uma sequência pedagógica em seu trabalho para que o aluno tenha, sinta e adquira competência para a realização dos exercícios.

A motivação deve ser de fonte interna, o professor deve focar em feedbacks que propiciem a autonomia do aluno, falar mais sobre os benefícios do exercício e menos dos malefícios do sedentarismo e, até mesmo, apresentar opções de como é possível acrescentar exercícios ou atividades físicas em sua rotina que não sejam dependentes de um Profissional ao lado, como por exemplo, uma caminhada de 30 minutos por dia, distribuída em três blocos de 10 minutos.

É fundamental proporcionar um ambiente onde um relacionamento saudável com o exercício ocorra, evitando aquele perfil de educação física militarista de décadas atrás, mas um ambiente onde exista empatia, tomando a perspectiva do cliente, limitando os feedbacks negativos, amenizando as pressões externas, oferecendo tarefas desafiadoras, o que nutre também a sensação de competência.

Satisfazer essas necessidades, faz com que as sensações de vitalidade e bem-estar sejam aumentadas e o indivíduo perdura por mais tempo na prática de exercícios físicos aumentando suas chances de alcançar o resultado e pelo lado profissional, diminuindo a evasão de clientes. Para entender a motivação do seu cliente é preciso compreender sua meta – quanto mais a meta está alinhada com as necessidades psicológicas básicas, maior é a qualidade da meta e da motivação.

Especificamente, a teoria da autodeterminação distingue objetivos intrínsecos (por exemplo, buscando união, crescimento pessoal ou saúde), que estão mais intimamente relacionados com o preenchimento de necessidades psicológicas básicas do que de metas extrínsecas (por exemplo, buscando poder e influência, riqueza ou reconhecimento social) que se pensa estarem associadas a “necessidades substitutivas”, que não são nem universais nem verdadeiramente essenciais ao bem-estar e ao desenvolvimento pessoal, por isso não perduram.

No domínio do exercício e da atividade física, os objetivos extrínsecos, por exemplo, quando o exercício é realizado principalmente para melhorar a aparência para chamar a atenção ou objetivos intrínsecos, por exemplo, desafiar-se ou melhorar e/ou preservar a saúde e o bem-estar podem ser claramente distinguidos.

Deve-se notar que diferentes objetivos ou motivos para uma determinada atividade muitas vezes coexistem naturalmente na mesma pessoa, sendo alguns mais intrínsecos, outros menos. Nesse caso devemos direcionar o cliente para a motivação de maior qualidade, para aquela que vem de dentro.

E, quanto à falta de motivação? Alguns fatores limitantes são encontrados no caminho como barreiras para a atividade física, algumas pessoas podem não se sentirem suficientemente competentes em atividades físicas, não se sentindo aptos para exercê-las, ou podem ter limitações de saúde que apresentam uma barreira à atividade. Outro fator limitante é quando o indivíduo pratica o exercício com um sentimento de obrigação invés de desejo. O Profissional deve proporcionar um treino ou aula em que o cliente queira ir e não que ele se sinta na obrigação de ter que ir.

Quando o cliente está praticando por uma pressão externa, seja social ou até mesmo médica, e realiza exercícios que não condizem com o seu gosto pessoal, a manutenção e qualidade da motivação se tornam menores e, este é o indivíduo que não permanecerá no treinamento por muito tempo. Indivíduos que acreditam em sua autonomia e competência para a conquista de seus objetivos possuem maior probabilidade de realizar mudanças duradouras em seu estilo de vida, favorecendo o alcance dos objetivos.

As motivações intrínsecas levam o indivíduo a sustentar por mais tempo a prática de exercício físico, diminuindo a desistência. Isto faz com o exercício se instale na sua rotina, o que o faz virar um estilo de vida que aos poucos repercute em outros campos, como na alimentação e na atividade física fora o exercício.

Por isso, alimentar uma motivação intrínseca é também uma boa forma de fazer o indivíduo adotar um estilo de vida saudável. A maioria das pessoas, quando ingressa em uma prática de exercícios físicos,o faz por motivações externas – é a influencia da mídia,do médico que mandou, pelo desejo fazer parte de um grupo específico que segue determinado estereótipo corporal, vários são os fatores.

Talvez seja por isso que tantos abandonam os exercícios, é importante que você professor saiba qual é a real motivação que seu cliente possui para a atividade. Caso identifique como força geradora a motivação externa, aos poucos com seu atendimento e conscientização, faça a transição da motivação externa para a interna.

Isso trará melhores resultados para todos, para o cliente que conseguirá permanecer por mais tempo na prática dos exercícios e atingirá objetivos de forma saudáveis e para o Profissional que estará conseguindo entregar um serviço de qualidade sem perder seu cliente.m

Compreenda o que levou o seu cliente até você

Desafio, afiliação, integração e prazer são formas de proporcionar a motivação intrínseca, por isso devem ser priorizadas no treinamento. Entregue exercícios desafiadores e prazerosos ao seu cliente, as pessoas estão cada vez mais distantes do exercício físico, precisamos realizar esta conexão novamente, isto é parte do nosso trabalho.

Já fatores como reconhecimento social, aparência, peso e seleção são formas de proporcionar motivações extrínsecas.

Quais desses fatores mais se relacionam com os interesses de seus clientes?  Quais desses fatores mais se relacionam com sua forma de trabalho e atendimento? São as primeiras reflexões que devemos fazer para elevarmos nosso serviço..

Complementando o que foi dito, a motivação extrínseca na maioria das vezes vem acompanhada de sentimentos de culpa ou vergonha se não cumprir a tarefa como o esperado diminuindo o potencial positivo do exercício.

Sem falar que culpa e vergonha são vistos como forças motivadoras para a dependência ao exercício, patologia que acarreta indivíduos que não conseguem ficar sem treinar em hipótese nenhuma, prejudicando sua vida social, emocional e às vezes até mesmo a física pela ocorrência de overtraning.

Nestes indivíduos a distorção de imagem corporal é comum e então o assunto sobre seus malefícios se estende. Não é por acaso que a motivação extrínseca esta relacionada com menor qualidade de vida e autoestima e maiores níveis de ansiedade

Conclusão

Um bom profissional precisa compreender sobre o físico, emocional e social. Compreender os motivos que levaram seu cliente até você e trabalhar. É preciso que você, professor, conheça as necessidades humanas de satisfação, em seguida conheça seu cliente profundamente e prescreva o exercício de uma forma que vá ao encontro das necessidades citadas e é isso que fará o cliente mudar seu comportamento – desde não abandonar a atividade até não ver mais sentido em fazer algumas tarefas na sua rotina que não confluam com seus objetivos.

Quando procuramos levar o aluno a encontrar sua motivação intrínseca, procuramos levá-lo à busca de sentimentos positivos, como a auto validação, de se validar por estar ali fazendo algo por si, para melhorar sua saúde e sua vida. É preciso levar o cliente a encontrar o sentindo verdadeiramente interno que o exercício possui para ele. Não basta entendermos de músculos, temos que entender de pessoas também.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana.” Carl G. Jung.

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Referências
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Teixeira PJ, Carraça EV, Markland D, Silva MN, Ryan RM. Exercise, physical activity, and self-determination theory: A systematic review. The International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity. 2012;9:78. doi:10.1186/1479-5868-9-78.
Lima, Anna Caroline Moura. “Motivação para adesão e permanência em academia de ginástica.” (2014).

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