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A dor neuropática é uma enfermidade que pode acometer pessoas por várias razões e as principais formas de combate-la são através de remédios fortes que em muitos casos não desaparecem com a sensação de dor e podem ter efeitos colaterais.

Entretanto o exercício físico se mostra como uma alternativa de tratamento, mas o que fazer quando você profissional de educação física ou fisioterapeuta se depara com um indivíduo com dor neuropática? Preparamos um guia com várias informações relevantes acerca da doença e do exercício físico para essas pessoas.

O que é a dor neuropática?

A despeito de começarmos a falar sobre os exercícios físicos em si, é importante entender o que é a dor neuropática.

A dor neuropática é uma dor crônica que pode se manifestar de formas distintas em várias partes do corpo e ocorre quando alguma lesão afeta o sistema nervoso, seja o sistema central ou periférico.

Apesar de apresentar a lesão nervosa, essa enfermidade não é caracterizada especificamente pela lesão, mas sim pelo distúrbio na condução nervosa que leva ao aparecimento das dores que identificam esse tipo de doença, entenderemos a importância disso quando fizermos a comparação entre dor neuropática e fibromialgia.

O sentimento de dor é basicamente um estimulo nervoso que chega ao nosso cérebro para indicar que algo no corpo está com problema. No caso da dor neuropática, uma lesão no sistema nervoso prejudica esse sinal e a pessoas desenvolve a dor crônica.

A Organização Mundial da Saúde fala em 30% da população mundial com dores crônicas, transformando isso em um importante fator de saúde pública.

Na dor neuropática normalmente as queixas das dores crônicas são de difícil compreensão e explicação, por isso ela acaba sendo comparada a alguma outra sensação de dor, como por exemplo choques, agulhas, queimação, etc.

Esse fato ocorre porque a condução nervosa está prejudicada devido a destruição ou pela compressão do nervo.

Os fatores que podem levar a esses danos no sistema nervoso são:

  • Neuralgia do nervo trigêmeo
  • Traumas diretos na região por onde passam os nervos
  • Em pacientes pós-radioterapia
  • Pelo Vírus Herpes Zoster
  • Dentre outros

Diferença de dor neuropática para fibromialgia

A descrição da dor sem uma característica pode ser confundida com fibromialgia, uma doença que também leva a dores semelhantes, mas existe alguma relação entre a dor neuropática e a fibromialgia?

Sim, porque ambas as doenças têm similaridades e recentemente começou a se falar sobre a vinculação entre fibromialgia e dor neuropática e não, porque existem algumas diferenças no surgimento e na forma de distribuição de ambas as dores no corpo.

Resumidamente a fibromialgia é uma doença crônica que causa dores nos músculos, articulações, ligamentos e tendões também causando fadiga muscular, sendo desencadeada por fatores físicos ou emocionais e com o aparecimento de pontos gatilhos da dor em diferentes locais do corpo.

Já a dor neuropática possui sua causa melhor esclarecida, nela existe alguma alteração no nervo e distúrbio na condução nervosa.

O curioso é que algumas das pessoas que são acometidas pela fibromialgia possuem também alguma doença neurológica e assim como a dor neuropática a fibromialgia também é tradicionalmente tratado com fármacos forte.

Diagnóstico e tratamento

Para identificação médica serão pedidos alguns exames, são eles: Exame físico neurológico sensitivo, avaliação dos tônus musculares, avaliação do reflexo mitótico, hiperalgesia, dentre outros.

O tratamento pode consistir em tratar primeiramente a doença que está afetando o sistema nervoso, que pode ser a diabetes, o alcoolismo, a deficiência de nutrientes, etc.

Para a dor normalmente são receitados fármacos como: antidepressivos, anticonvulsivantes, antiepiléticos e anestésicos e o uso de terapias não farmacológicas como: acupuntura, estimulação elétrica, terapia ocupacional, exercícios físicos, etc.

Benefícios do exercício físico para dor neuropática

Como o exercício é uma das formas de se auxiliar a combater a dor neuropática precisamos entender os benefícios que ela causa na pessoa, não iremos entrar aqui no mérito geral dos benefícios que ele proporciona, como melhora na qualidade de vida, mais disposição, etc.

Nesse texto iremos concentrar apenas nos benefícios diretos para a dor neuropática.

Alguns estudos vêm comparando grupos de indivíduos com dores neuropáticas e mostram que o hábito de praticar atividade física tem a capacidade de reduzir os níveis da dor, apontando que o exercício tem nesses indivíduos uma função analgésica e uma das razões para isso pode ser o aumento no limiar da dor.

Uma raciocínio rápido e simples:

  • O limiar da dor é a intensidade mínima de estímulo que ao ser recebida pelo nosso cérebro é percebido com dor;
  • A dor neuropática é uma doença que afeta a condução nervosa, logo pode afetar a informação que nosso cérebro recebe como limiar da dor;
  • A atividade física produz substâncias no corpo como a dopamina e a serotonina que podem aumentar o limiar da dor;
  • Se a atividade física aumenta o limiar da dor, quem sofre de dor neuropática e prática atividade física regularmente sentirá menos dor de quem não prática devido ao seu limiar de dor ser mais alto.

Além do estimulo precisamente na dor, o fortalecimento muscular e melhora da circulação sanguínea na região afetada pela dor, podem ser capazes de reduzir a sensação de desconforto como formigamentos decorrentes da dor neuropática.

Trabalhos de alongamento e flexibilidade também podem ajudar em situações que a dor neuropática é causada por alguma compressão nervosa e a atividade física pode ser utilizada como uma forma de controle da doença associada como no caso da diabetes que veremos mais para frente.

Tratamento da dor neuropática por um educador físico

O exercício físico é extremamente útil no combate a dor neuropática, mas é sempre bom lembrar que o papel do profissional de educação física nesse processo nunca será o de tratamento, será o de prevenção ou de manutenção da sensação da dor, enquanto o fisioterapeuta sim terá o papel no tratamento da doença.

Dependendo do estado do indivíduo ele necessitará primeiro de um acompanhamento de um fisioterapeuta e pode ser a função do professor de educação física informar seu aluno que ele deve procurar tratamento.

A notícia boa é que se a pessoas estiver liberada para ser acompanhada pelo profissional de educação física ela está em um estágio controlado da doença.

Dor neuropática diagnosticada

Com a doença diagnosticada, a primeira providencia a tomar é saber se seu aluno está apto a realizar qualquer movimento livremente sem que o nervo prejudicado seja mais incomodado, o que iria gerar uma piora da dor.

Outro passo importante é saber o fato que ocasionou o distúrbio do nervo, se foi algum acidente, doença, compressão nervosa, etc.

Em caso de diabetes por exemplo além de se preocupar com a dor, você deverá se preocupar com todas as recomendações de exercícios para diabéticos ou em caso de compressão nervosa seu aluno talvez não poderá realizar alguns exercícios devido a limitações.

Além desses fatores também é fundamental receber o feedback de seu aluno e ter o máximo de informação possível, em muitos casos ele saberá tanto de dor neuropática devido a experiência própria que ele será o seu melhor guia.

Tipos de exercícios físicos para dor neuropática

Sobre os tipos de exercícios: Alguns só poderão ser utilizados pelo fisioterapeuta no tratamento, outros podem ser utilizados pelo profissional de educação física na manutenção e prevenção.

No geral exercícios de alongamentos são indicados a pessoas que possuem algum tipo de neuropatia compressiva, uma vez que esse tipo de exercícios evitam a perda de flexibilidade e podem melhorar a amplitude articular, reduzindo a compressão.

Um exemplo de problema que gera neuropatia compressiva é a síndrome do túnel do carpo e um alongamento que pode ajudar.

Exercícios resistidos podem ser utilizados em pessoas com neuropatia periférica, pois aumentam a circulação sanguínea na região, diminui a fraqueza na região evitando atrofias musculares, que são muito comuns nesse tipo de pessoa e pode reduzir as sensações incomodas de formigamento, espasmos e câimbras.

Os exercícios aeróbicos também podem ser recomendados, sendo que exercícios realizados na água como hidroginástica ou natação podem ser bem interessantes já que não possuem tanto impacto, além disso existem estudos que indicam que esse tipo de exercício traz outro tipo de benefício para a dor neuropática que iremos ver mais para frente.

Plano de exercícios físico para o tratamento

Vamos começar relembrando mais ou menos o que diz a recomendação geral de exercício físico:

  • Flexibilidade: mínimo de 2 dias, mas o ideal de 5 a 7 dias da semana, sendo 2 a 4 séries de pelo menos 30 segundos;
  • Força: de 2 a 3 três vezes na semana pelo menos sendo 8 a 10 exercícios;
  • Cardiorrespiratório: de 3 a 5 dias na semana de 20 a 60 minutos por sessão.

Para a dor neuropática em geral, sem saber qual a doença ou problema que levou o nervo a ser prejudicado, pode ser interessante reduzir o trabalho de força para o mínimo possível, mas não exclui-lo do plano de exercícios, trabalhando mais para desenvolvimento da resistência muscular do que para força na área da dor.

Os exercícios são indicados com o intuito de evitar cargas altas que podem piorar o desconforto, buscando assim melhorar a circulação sanguínea na região e evitando as comuns dores musculares.

O trabalho cardiorrespiratório pode ser feito várias vezes ao longo da semana, além de melhorar o condicionamento, existe a questão de liberar os hormônios que auxiliam no aumento do limiar de dor. Mas algumas questões devem ser pensadas segundo o local e a intensidade da dor.

Já o trabalho de flexibilidade talvez seja o com menos restrições a ser feito, uma vez que os alongamentos podem auxiliar a melhorar a amplitude articular e reduzir a rigidez muscular, o que mais deve-se observar nesse tipo de exercício é a manutenção das posições por pelo menos 30 segundo.

Exercícios físico para dor neuropática periférica e central

Uma das formas mais comuns de dor neuropática, são as dores periféricas e centrais. E um dos principais sintomas relacionados é a ataxia, ou seja, dificuldade do controle muscular em movimento voluntário.

Pessoas com esse tipo de enfermidade pode ser necessário inicialmente um tratamento com fisioterapeuta com os objetivos de:

  • Melhorar a força muscular;
  • Melhorar o equilíbrio;
  • Manter a amplitude de movimento;
  • Prevenir restrições de movimento;
  • Manter a sensibilidade superficial;

Assim para indivíduos com dores neuropáticas que sofrem também de ataxia, os alongamentos, exercícios de propriocepção, exercícios para melhoria da postura e exercícios contra resistência são indicados para o tratamento.

Caso o indivíduo não tenha um grau de acometimento tão elevado e o sintoma principal seja a dor, alguns exercícios feitos pelo próprio educador físico podem ajudar.

Nesse caso os exercícios de força são interessantes, porque evitam a atrofia muscular do membro afetado e melhoram a circulação sanguínea na região o que pode levar a diminuição das sensações de formigamento.

Os exercícios aeróbicos seguem a mesma linha de raciocínio da melhora na circulação e os alongamentos também auxiliam prevenindo as restrições de movimento e mantendo a amplitude de movimento.

Exercícios físico para neuropatia diabética

Um outro caso muito comum de neuropatia é causado pela diabetes e se chama neuropatia diabética. A diabetes em si já possui algumas recomendações e cuidados, no caso do profissional de educação física caberá um trabalho maior de prevenção a neuropatia e controle da diabetes.

A principal função da atividade física será o controle glicêmico, buscando reduzir os efeitos da diabetes no corpo, por isso algumas indicações devem ser seguidas:

  • Trabalhos estáticos e a manobra de Valsalva não devem ser feitos
  • Hipoglicemia deve ser cuidada
  • Evitar exercícios antes de dormir
  • Evitar exercícios anaeróbicas

Para o fisioterapeuta caberá trabalhar com o estágio mais avançado da doença, pois a neuropatia diabética causa cerca de dois terços das amputações não traumáticas, e dois terços dos pacientes com diabetes apresentam neuropatia.

Além da dor neuropática é muito comum as pessoas não sentirem estímulos superficiais, assim um pequeno corte aberto na pele não é sentido pela pessoa e pode acarretar alguns problemas.

Nesse caso, exercícios de propriocepção e equilíbrio são indicado visando reduzir as quedas por perda sensitiva, deve ser observado também a questão da ulcera, assim exercícios de alongamento, fortalecimento, treino de marcha e equilíbrio são indicados para reduzir o risco de amputação.

Exemplos de exercícios

  • Agachamento
  • Exercícios para melhorar o equilíbrio (Bozu, bola suiça ou algum instrumento que gere instabilidade)
  • Alongamentos para melhorar a amplitude do movimento
  • Fortalecimento muscular (Ex:Rosca – Trabalha as articulações de punho e cotovelo)
  • Propriocepção (Ex: Caminhada)

Alongamentos antes do exercício

Já que o alongamento é um dos exercícios mais indicados para se combater as dores da neuropatia, pode surgir a dúvida sobre o alongamento antes do exercício físico.

Vale lembrar que por muito tempo e até hoje em alguns momentos escutamos na televisão ou pessoas dizendo que se alongam antes de fazer exercício, mas deve-se cuidar porque um alongamento mais intenso que trabalhe flexibilidade estará forçado o músculo a esticar suas fibras e esse stress muscular pode levar à lesão ao invés de preveni-la.

Portanto o alongamento deve ser leve, a fim de evitar aquela sensação de que o músculo está sendo esticado. É indicado realizar exercícios de aquecimento articular, como movimentos similares aos que serão realizados durante a sessão, mas sem carga ou com carga bem reduzida.

Saiba mais: exercícios físicos para dor neuropática

Além dos benefícios já comentados aqui sobre o aumento do limiar da dor, redução das sensações de desconforto entre outros, existe ainda mais uma possibilidade benéfica do exercício para quem sofre de dores neuropáticas.

Estudos recentes têm sugerido que os exercícios têm a capacidade de estimular neurônios danificados a regenerar seus axônios, ou seja, como os axônios são os responsáveis pela comunicação das células nervosas e a dor neuropática é caracterizada por um erro nessa comunicação, o exercício físico pode também reduzir a dor por meio da melhora na comunicação nervosa.

Essa regeneração se faz presente na região nervosa periférica e parece estar mais relacionada com o exercício aeróbico, do que com exercícios de resistência, porém os exercícios de resistência têm demonstrado retardarem um pouco essa regeneração, mas não chegando a impedi-la.

Cuidados

Ao longo do texto fizemos diversas situações sobre alguns cuidados que devem ser tomados com os alunos que sofrem com dores neuropáticas, para ficar mais claro vamos destacar as principais a seguir:

  • Cuidado com a região afetada pela dor: só porque o indivíduo sente incomodo em determinada região do corpo não é motivo para não movimentá-la. Os exercícios podem diminuir as sensações de desconforto, aumentar o limiar de dor, melhorar a condução nervosa, reduzir a compressão no nervo e evitar a atrofia muscular. Mesmo assim podem existir algumas limitações de movimentos que devem ser evitadas e adaptadas para outros exercícios.
  • A situação que desencadeou a dor neuropática: Pode ser uma doença, bebida alcoólica, algum acidente, etc. Saber essa situação é essencial, pois pode fazer parte do trabalho de redução da dor, no caso da diabetes controlar o nível glicêmico e observar as contraindicações para diabéticos são fundamentais. Enquanto que para compressão nervosa, tentar fortalecer a musculatura da região e melhorar a amplitude do movimento podem ter resultados excelentes.
  • Cuidado com a falta de sensibilidade: as dores neuropáticas causam a perda de sensibilidade nas regiões afetadas, por isso machucar o local sempre é algo que pode acontecer e deve ser observado.
  • Pressão articular: dependendo do tipo de dor, realizar exercícios que aumentam muito a pressão articular não são recomendáveis, nesse caso é interessante evitar os exercícios de cadeia cinética fechada.
  • Exercícios de muita intensidade e impacto: nesses indivíduos evitar exercícios com muito impacto sempre que possível é uma vantagem, substituir uma corrida por uma hidroginástica é sempre aconselhável. Porém exercícios de alta intensidade também não são muito interessantes devido ao alto stress muscular, além do que em diabéticos pode acarretar hipoglicemia.

Conclusão

Ao iniciar esse texto a proposta era oferecer informações suficientes tanto para o profissional de educação física quanto para o fisioterapeuta para trabalhar com um indivíduo com dor neuropática.

Alguns exercícios mencionados podem ser utilizados pelos dois profissionais, alguns apenas para tratamento e outros já com o indivíduo em uma condição melhor de saúde.

O exercício ainda tem muito que ser pesquisado para comprovar o real benefício na regeneração nervosa e em alguns aspectos do tratamento da dor neuropática, mas é inegável que ele traz muitos benefícios ao indivíduo que sofre desse mal.

Porém além de pensar na dor devemos nos ater também ao problema que levou a dor neuropática, uma vez que ela nunca surge sozinha, e o exercício pode trazer benefícios também nessa questão.

Devido ao aumento na incidência de dores crônicas no mundo as pesquisas sobre essas enfermidades também têm aumentado e constantemente novas pesquisas estão surgindo sobre as formas de trata-las e preveni-las, por isso também é fundamental ficar atualizado sobre as novas descobertas feitar com relação a isso.

Grupo VOLL

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