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Etimologicamente, o verbete fibromialgia vem do latim fibra, ou fio, ou tecido (conjuntivo ou muscular), e de duas palavras gregas: myos, músculo e algos, dor. Portanto, fibromialgia se caracteriza por uma doença crônica de origem idiopática (individual e, em geral, desconhecida), reumatológica (que acomete certos grupamentos musculares e/ou as articulações) e que causa dor.

A fibromialgia, em geral, não pode ser detectada através de exames de sangue e imagem, portanto, cabe uma investigação clínica pelo médico e relato do paciente para definir o prognóstico da doença.

Ela começa com sintomas leves e múltiplos, que incluem principalmente: dor crônica, fadiga constante e problemas cognitivos de sono. Portanto, estes são sinais de alerta para procurar um médico imediatamente.

Por ser uma patologia que não tem cura, o indivíduo precisa fazer uso de tratamentos medicamentosos e/ou terapêuticos para conviver com essa situação, buscando, dentro do possível, conviver com a doença da melhor forma.

Entretanto, embora a fibromialgia seja uma doença não curável, seus sintomas podem ser amenizados e o indivíduo pode desfrutar de mais bem-estar e melhor qualidade de vida, melhorando seu aspecto funcional, ainda que convivendo com a doença; cada um irá desenvolver o melhor tratamento, de acordo com a especificidade do seu caso.

O objetivo deste artigo é mostrar as evidências relacionadas ao alcance de tais objetivos, através do exercício físico, tais como: o treinamento resistido, exercícios aeróbicos, alongamento e treinamento de Pilates.

A fibromialgia

É interessante notar que os estudos pesquisados, em particular, preferem selecionar mulheres para a população avaliada, devido ao fato dos indivíduos de sexo feminino serem cerca de 10 vezes mais propensos de desenvolver a fibromialgia que homens.

Isso se deve principalmente ao fato que, embora a doença tenha um aspecto físico, relacionado à falta de vigor e disposição, com comprometimento ao condicionamento e à aptidão física, há uma nuance cognitivo-comportamental muito relevante, com uma relação direta entre a dor e suas manifestações com o humor e condições ambientais. Em outras palavras, indivíduos mais sensíveis a estes aspectos estão, por sua vez, mais suscetíveis a experimentar as manifestações dos sintomas da doença.

As dores desta síndrome são bastante diversas em função da individualidade biológica, do estágio da doença, das condições climáticas, do equilíbrio hormonal (e neste aspecto, mais uma vez, as mulheres disparam na frente em relação a uma maior suscetibilidade), do estado psíquico e emocional, dentre outros fatores.

Reprogramação de neurotransmissores induzida pelo exercício físico

Fisiologicamente, em indivíduos fibromiálgicos ocorre um aumento anormal de neurotransmissores, tornando também, desta forma, os pacientes mais sensíveis à dor.

Os neurotransmissores são sinais bioquímicos de comunicação entre neurônios, os quais agem nas sinapses. Dentre estes, as endorfinas e encefalinas são neurotransmissores peptídicos capazes de modular a dor e reduzir o estresse.

São encontrados em vários locais no encéfalo (sistema límbico, mesencéfalo), sendo também produzidos pelas glândulas pituitárias; liberados como hormônios e envolvidos na redução da dor, eles aumentam a produção da dopamina e hibernação.

As endorfinas são analgésicos endógenos, pois inibem a dor; durante a prática de atividades físicas, o corpo faz uma termorregulação e no esforço de reduzir a fadiga muscular, a glândula pituitária aumenta a produção de endorfinas, aumentando a sensação de alegria, conforto e tranquilidade.

Existem outras formas de estimular a endorfina além do exercício físico, como através das conexões sociais e vínculos afetivos, do riso, do contato com a natureza, da meditação e massagem, além de ouvir música melódica.

As encefalinas, por sua vez, também reduzem o processo da dor, bloqueando seus sinais eletrofisiológicos.

Portanto, as endorfinas e encefalinas são considerados opióides naturais que atuam na regulação da sensação de dor, por agirem diretamente nos receptores destes neurotransmissores.

Opióides são substâncias que atuam no sistema nervoso como mecanismos de atenuação da dor.

A questão da dor é uma percepção muito individual e intrínseca à fisiologia do indivíduo e seu comportamento, por isso, é imprescindível alterar algumas condições do estilo de vida a fim de torna-lo mais saudável e mais bem disposto, adaptando-o à doença, como por exemplo, induzi-lo ao exercício físico.

Resta entender que tipos de exercícios físicos comprovadamente podem gerar tal benefício em indivíduos fibromiálgicos.

O bem-estar no exercício físico

REBUTINI et al., 2013, demonstrou um caso de sucesso de uma idosa submetida a um programa de treinamento resistido por 12 semanas, com relato de melhoria da qualidade do sono, da capacidade funcional e de aptidão física após ter seguido o programa de treinamento resistido orientado, com atenuação significativa da dor e ganho de bem estar.

É como se o exercício físico bem orientado alterasse a estrutura do sistema nervoso periférico, mudando o tipo de conexão nervosa da junção neuromuscular, tornando os neuromotores vias de estímulo eletroquímico para hipertrofia e resistência muscular, ao invés de meros transmissores do sinal de dor.

Simultaneamente, a indução ao exercício físico estimula a liberação de endorfinas e encefalinas, modulando a dor.

Neste ínterim, ELLINGSON et  al., 2012, evidenciou que o exercício físico tem se mostrado benéfico em pacientes fibromiálgicos não apenas devido à melhoria da resistência cardiorrespiratória e muscular, mas por alterações importantes nos circuitos neurais que modulam a dor.

Em verdade, o tratamento à dor é complexo e existem diversos programas multidisciplinares tentativos para combater a plasticidade do Sistema Nervoso Central, formada pela persistência do sintoma álgico (que concerne à dor).

Embora o fenômeno de analgesia por indução ao exercício físico seja sobretudo observado em atletas e não obstante o fato dos mecanismos envolvidos ainda não estarem completamente elucidados, a hipótese mais aceita é que a ação do sistema opióide endógeno (pela indução à liberação de endorfinas e encefalinas) é a principal razão da dor ser amenizada pelo exercício físico.

VALIM et al., 2013, mostrou que o treinamento aeróbico é capaz de contribuir significativamente para o aumento dos níveis séricos de serotonina (5-HT) e seu principal metabólito ácido-5-hidroxiindolacético (5-HIAA), num programa de 20 semanas, colaborando para melhorar os sintomas relacionados à dor em pacientes fibromiálgicos. No mesmo estudo, a amostra de pacientes também foi submetida a sessões de alongamento, mas não foram observados resultados expressivos, positivos para amenizar a dor.

A grande questão é que o exercício físico, sobretudo o aeróbico, interage como modulador do aspecto desagradável da dor por intermédio do córtex, motivacional psicológico, do Sistema Nervoso Autônomo por meio da ação da dopamina e opióides liberados durante a execução do exercício.

A dopamina controla os níveis de estimulação e controle motor em diversas áreas encefálicas. É um neuromodulador extremamente importante no organismo, haja vista que quando seus níveis encontram-se extremamentes baixos, o indivíduo sequer é capaz de se movimentarem voluntariamente.

A Doença de Parkinson, por exemplo, ocorre devido a uma degeneração dos neurônios dopaminérgicos, envolvidos no controle motor do movimento.

A esquizofrenia, por sua vez, é uma patologia associada ao excesso de dopamina liberada para o terminal pós-sináptico, e seu tratamento consiste na administração de drogas que bloqueiam a ligação da dopamina neste receptor.

Por fim, KOMATSU et al., 2016, comprovou que um grupo de 20 mulheres diagnosticadas com síndrome fibromiálgica, foram submetidas a um treinamento de Pilates por 8 semanas, em relação às quais foi observado melhora estatisticamente significativa em relação à dor e número de regiões dolorosas, apoiando o Pilates como recurso fisioterapêutico seguro para melhorar a dor em pacientes com fibromialgia.

O Pilates é um método de exercício físico e alongamento que utilizado o peso do corpo na sua execução, proporcionando os benefícios do equilíbrio muscular e mental. É, portanto, um treinamento de força e flexibilidade, com ênfase na concentração, fortalecimento e estabilização dos músculos do “core” (região ao redor da região do tronco, na linha da coluna lombar, que estabilizam a bacia, pelve e abdômen).

Conclusão

O diagnóstico da fibromialgia é feito através de análise clínica, por pressão imposta em 18 pontos no corpo (nestes pacientes, as dores pelo corpo em geral são contínuas por pelo menos 3 meses, sem causa raiz diretamente detectada). Portanto, alternativas terapêuticas contra a dor, aliadas ao tratamento medicamentoso, têm atraído cada vez mais pesquisadores, visando o bem estar e melhor qualidade de vida dos pacientes.

Conclui-se, portanto, que atualmente já se dispõe de suficientes evidências científicas relacionadas ao exercício físico como excelente opção de recurso terapêutico para alívio à dor em pacientes fibromiálgicos, sobretudo mulheres, em especial: o treinamento resistido, exercícios aeróbicos e treinamento de Pilates, aliando a tal as vantagens adicionais da prática de exercícios físicos.

Referências
ELLINGSON, L. D.; SHIELDS, M. R.; STEGNER, A. J.; COOK, D. B. Physical activity, sustained sedentary behavior, and pain modulation in women with fibromialgia. The Journal of Pain, Seattle, v.13, n.2, p.195-206, 2012. Doi: http://dx.doi.org/10.2016/j.jpain.2011.11.001
KOMATSU, M.; AVILA, M. A.; COLOMBO, M. M.; GRAMANI-SAY, K.; DRIUSSO, P. Pilates training improves pain and quality of life of women with fibromyalgia syndrome. Revista Dor, São Paulo, 2016, oct.-dec., 17(4), p.274-278.
REBUTINI, V. Z.; GIARETTA, M. T.; SILVA, J. R.; MAYORK, A. K. S.; ABAD, C. C. C. Efeito do treinamento resistido em paciente com fibromialgia: Estudo de caso. Motriz, Rio Claro, v. 19 n.2, p.513-522, abr./jun. 2013.
VALIM, V.; NATOUR, J.; XIAO, Y.; PEREIRA, A. F. A.; LOPES, B. B. C.; POLLAK, D. F.; ZANDONADE, E.; RUSSEL, I. J. Effects of physical exercise on serum levels of serotonin and its metabolite in fibromyalgia: a randomized pilot study. Revista Brasileira de Traumatologia, 2013, 53 (6), p.538-541.

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