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Antes de falar da dança do ventre, devemos introduzir a história da Educação Física, haja vista que ela tem priorizado a dimensão biofisiológica porém, desde a década de 80 desenvolve-se uma visão mais ampla, priorizando a multidisciplinaridade. Conforme estudos de Guedes e Nahas (2010), nas últimas décadas ocorreram mudanças sociais e na saúde individual e coletiva como nunca vistas antes (mudanças demográficas, nutricionais, epidemiológicas e tecnológicas).

Hipócrates, considerado uma das figuras mais importantes da medicina, afirmava que “as partes do corpo que são usadas habitualmente tendem a se fortalecer, enquanto aquelas menos usadas ficam mais fracas e predispostas a doenças”.

Na Era da Ciência (fim do século XIX e início do Século XX) a classe médica investigou sobre exercícios físicos no tratamento de doenças e recuperação de lesões.

No final dos anos 60 surgiu a proposta do método aeróbico (Cooper,1968 apud Nahas, 2010).

A partir de 1980 surge nos Estados Unidos um movimento propondo a mudança da ênfase da aptidão física voltada para o desempeno para a aptidão física voltada para a saúde. Já na década seguinte, a atividade física foi definida como prioridade da pesquisa em saúde pública.

Atualmente, a promoção da atividade física encontra respaldo na perspectiva da saúde pública, mas também nas perspectivas econômica, ecológica, do lazer e da qualidade de vida. Por um lado, vemos a fome que assola a humanidade até hoje, paralelamente, a obesidade se torna um grave problema de saúde pública.

O homem contemporâneo usa cada vez manos as suas potencialidades motoras e o alto nível de inatividade nos domínio da atividade pública (lazer, trabalho, deslocamento e domicílio) gera doenças, entre elas, a inatividade é responsável por 10% dos casos de câncer de mama e de cólon (segundo a OMS -Organização Mundial da Saúde, apud Del Duca 2013).

Embora a atividade física e os exercícios físicos tragam mitos benefícios, constata-se que ainda não é satisfatório o índice de indivíduos que adotaram um estilo de vida ativo. Guedes (1995) afirma que para a saúde pública é imprescindível estilos de vida saudável e indivíduos fisicamente ativos.

O foco da promoção da saúde é a qualidade de vida, determinada por fatores socioambientais e pessoais (Nahas, 2010).

Matsudo (2000, apud Nahas, 2010) indica que atividades físicas envolvem aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos.

Autores como Guedes, Nahas, Farinatti e Gaya defendem o estilo de vida ativo.

Na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), destacamos duas ações: Rede Nacional de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde e Programa Saúde na Escola.

A OMS, no âmbito da Estratégia Global de Promoção da Alimentação, Atividade Física e Saúde, recomenda pelo menos 30 minutos de atividade física regular, preferencialmente, todos os dias. Dois eventos científicos no Brasil, que destacaram exclusivamente a temática da saúde e qualidade de vida foram: Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde (CBAFS) e o Simpósio Nordestino de Atividade Física Saúde.

Em pesquisa por artigos através de arquivos de bases de dados, encontramos pouca coisa sobre dança e menos ainda sobre intervenção através da dança.

A história da dança

Conforme Thays Naig Diniz e Gisele Franco de Lima Santos (2008), antes do homem se exprimir através de uma linguagem oral, ele dançou. A dança foi à expressão do homem através da linguagem gestual. O homem estabeleceu posteriormente todo um código de sinais, gestos e expressões fisionômicas ao qual imprimiu vários ritmos. A dança, então, foi a primeira manifestação de comunicação do homem.

Quando o homem sai do seu estado primitivo, estado selvagem, e passa a outro padrão de vida que é o de viver em sociedade, surge a organização do trabalho para a sobrevivência comum, e esse trabalho é a caça, a trituração de raízes, sementes, folhas, etc.

Muitos desses trabalhos eram efetuados e regulados por marcações rítmicas, como pancadas e gritos. Mais adiante na história da humanidade detectamos que os hebreus possuíam danças próprias e outras provavelmente de origem egípcia.

Conforme Aguiar e Kussunoki (2009), a dança é considerada a mais antiga das artes, por evidências encontradas em desenhos nas cavernas pré-históricas; o homem se expressou antes pela linguagem do corpo e posteriormente pela fala e escrita.

Os povos antigos utilizaram a dança em fatos importantes de sua época e cultura, muitas vezes em rituais religiosos com vistas para se obter uma boa colheita – seu modo econômico vigente.

A dança do ventre nasceu aproximadamente 8.000 anos a.C. como uma dança sagrada. Ao início era praticada por sacerdotisas, e posteriormente por todas as mulheres da Mesopotâmia. Praticamente uma ginástica da Antiguidade, até os dias atuais é utilizada pelas mulheres beduínas como exercícios preparatórios para o parto normal. No Brasil, é bastante praticada.

Noronha, Ramos, Simões e Matos (2014), apontam que a Dança Oriental é uma arte milenar, na qual não se tem com precisão o tempo de existência dessa dança, por esse fato os historiadores e pesquisadores estimam em torno de 5 a 7 mil anos. Ela teve diversas modificações com o passar do tempo, sendo praticada quase que no mundo todo e possui muitos adeptos no Brasil.

Utilizamos o conceito de Dança Oriental exposto por Abrão e Pedrão (2005), que é o seguinte: Conhecida há 6 mil anos, a dança do ventre surgiu, ao mesmo tempo, no Egito, na Mesopotâmia e na região do Pacífico. Pela necessidade de oferecer um ritual totalmente dedicado às deusas Isis (no Egito), Isthar e Inana (na Mesopotâmia), nos templos, durante as festas religiosas, surgiu essa dança, também usada na iniciação sexual das jovens e na preparação do parto.

De acordo com Aguiar e Kussunoki (2009) a dança é considerada a mais antiga das artes, uma vez que o ser humano se expressou primeiramente pela linguagem do corpo e depois pela fala e escrita. Ainda segundo Kussonoki (2011) a dança do ventre é a primeira dança feminina de que se tem registro, conforme imagens verificadas em desenhos encontrados nas cavernas pré- históricas.

Conforme Ohsawa, a civilização oriental não trata das coisas da mesma maneira que o Ocidente. Este, tem em vista um mundo ideal onde se possam satisfazer os desejos sensoriais à vontade. O Oriente prioriza a vida em harmonia.

Além de ser uma atividade aeróbica, as aulas de Dança do Ventre, são, geralmente, realizadas em grupos.

Sobre este aspecto, Carbonari e Seabra (2013, pg 194) ressaltam que “no contato com o outro, por meio das intervenções grupais, em um clima de aceitação e empatia, a pessoa sente-se livre para a descoberta, para aproximar-se de si.”

Caruso Jr. (2003, pg.54) aponta que “diversos estudos relatam a importância de se praticar atividade aeróbica para melhorar a oxigenação cardiovascular do paciente com câncer”.

Dança do ventre e a qualidade de vida de mulheres que tiveram câncer

Discutir e investigar a dança como atividade física para a promoção da saúde e qualidade de vida nos remete a inúmeras possibilidades de movimentos, ritmos, linguagens e relacionamentos.

Se por um lado nosso olhar se volta à importância da atividade física para a promoção da saúde, por outro lado, o câncer é uma doença com cada vez mais incidência atualmente. Há um aumento no número de surgimento de novos casos mas também, cada vez maiores são as possibilidades de tratamento e cura, bem como do diagnóstico precoce.

Um número crescente de mulheres enfrenta pessoalmente ou através de um parente próximo a situação do diagnóstico desta doença. Diante desta realidade, além do tratamento clínico e medicamentoso, é interessante o suporte psicológico e emocional.

Posta esta necessidade, a dança do ventre surge como uma alternativa, sendo uma atividade que proporciona inúmeros benefícios físicos para a promoção da saúde e qualidade de vida, ao mesmo tempo resgata a autoestima e o equilíbrio emocional.

Constata-se uma maior incidência de câncer a cada dia. É assunto válido para pesquisas em diversos âmbitos, eja sobre o surgimento, a descoberta precoce, o tratamento. Esta pesquisa visa descobrir quais benefícios a dança do ventre pode trazer para suas praticantes que fazem parte desta estatística de descobrimento e tratamento de um câncer.

Visto que a dança é uma atividade aeróbica que traz diversos benefícios físicos, queremos pesquisar sobre a dança do ventre, especificamente, por ser uma dança originalmente feminina e que abrange aspectos físicos e emocionais de suas praticantes.

Para defender a relevância destes dados, recorro à minha experiência com esta modalidade de dança e à algumas informações encontradas durante pesquisa bibliográfica, relatadas a seguir.

Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) é incontestável o fato de que hoje, no Brasil, o câncer é um problema de saúde pública e, por isso, seu controle e prevenção devem ser priorizados no país.

Carbonari e Seabra (2013, pg 195) afirmam que “o câncer, como toda doença, traz aspectos globais e aspectos singulares. Os aspectos globais dizem respeito principalmente, aos efeitos colaterais, intervenções de acordo com o tipo de tumor, bem como a outra medidas terapêuticas. Já as questões singulares merecem um destaque, por referir-se à experiência de cada pessoa.”

Dentro desta realidade, pensamos que praticar algum tipo de dança possa ser benéfico para mulheres que enfrentam ou enfrentaram algum tipo de câncer. Optamos pela pesquisa sobre a Dança Oriental, popularmente chamada de Dança do Ventre.

Benefícios da dança do ventre

Para Betioli (2010 apud Colombo e Matiello 2014) a dança do ventre tem benefícios emocionais, atua na transformação da mulher, que se sente mais leve, feminina, confiante e segura. Além disso, a dança ajuda a mulher a se expressar melhor liberando seus temores, pois trabalha o desbloqueio dos sentimentos reprimidos.

Figueiredo (2005 apud Colombo e Matiello 2014) considera a dança como uma forma de expressão, a Dança do Ventre é essencialmente feminina, o autor considera essa prática como elemento catalisador, fazendo com que a mulher que dança descubra sua figura feminina.

A dança explora e sensibiliza o corpo através dos movimentos, levando a um reencontro com o eu. No estudo de Menéndez (2007 apud Colombo e Matiello 2014) as mulheres relataram que a Dança do Ventre permitiu que elas tivessem um contato íntimo com o corpo, descobrindo sensações que antes eram despercebidas. Houve uma melhora da imagem corporal depois da conscientização do corpo.

Nem todas as pacientes de câncer optam pela prática da dança oriental, popularmente denominada Dança do Ventre. Porém, inúmeras mulheres que praticam esta modalidade, sentem melhorias na qualidade de vida e saúde. E este assunto é válido para pesquisas futuras.

Concluindo…

De fato, qualquer atividade física faz bem para a saúde mental e física. Além da capacidade de melhorar o humor, haja vista que o exercício físico promove a liberação da endorfina e serotonina – substância responsável pelo prazer e bem-estar. Assim como realizar exercícios, a música também libera sensações e essa mistura de dança e música duplica o prazer sentido.

É válido ressaltar que antes de começar a praticar a dança do ventre, é essencial que o médico libere para que você possa dançar, pois algumas mulheres podem ainda sentir dor, já que a dança proporciona movimento com diversas partes do corpo, como o próprio ventre – símbolo importante da feminilidade.

Além de auxiliar no equilibrio da frequencia cardiaca e reforçar o sistema musculoesquelético, a dança também ajuda na coordenação motora e na manutenção do peso proporcionando uma melhora na saúde física.

Leia também:

Suplementos Alimentares: Massificação Sem Orientação em Academias
Musculação e Crossfit: Entenda Qual o Método Ideal Para Você
Os Benefícios da Atividade Física na Terceira Idade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARBONARI, Karla; SEABRA, Carolina Ribeiro (org.) Psico-oncologia: assistência humanizada e qualidade de vida. São Paulo: Ed. Comenius, 2013.

CARUSO Jr., Vitor. Com qualquer um de nós: um guia de terapias para pacientes de câncer ou para quem busca uma vida mais saudável. São Paulo: Ed. Rinacy, 2003.

COLOMBO, Gabriela da Silveira; MATIELLO, Marina, A dança do ventre no resgate da imagem corporal em mulheres com câncer de mama, 2014. Disponível em: ojs.fsg.br/index.php/ampsic/article/download/1391/pd.

DINIZ, Thays Naig; SANTOS, Gisele Franco de Lima. História da Dança – Sempre, 2008.

GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 2013.

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Brasil). Rio de Janeiro: INCA, 2014. 124p.

KUSSUNOKI, Sandra Aparecida Queiroz; AGUIAR, Carmen Maria. Aspectos históricos da dança do ventre e sua prática no Brasil. Departamento de Educação Física, IB/UNESP Rio Claro, SP, Brasil, 2009. Disponível em

MARBÁ, Romolo Falcão; SILVA, Geusiane Soares da; GUIMARÃES, Thamara Barbosa. Dança na promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida, 2016. Disponível em

NAHAS,  Markus Vinicius.Um pouco de história, desenvolvimentos recentes e perspectivas para a pesquisa em atividade física e saúde. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.24, n.1, p.135-48, jan./mar. 2010

NORONHA, Alexandra Aparecida dos Santos; RAMOS, Amélia Cavalcante Ferreira; SIMÕES, Jacqueline de Oliveira Mendes; MATOS, Janusa Diniz de. A importância da dança oriental no processo sócio-interacionista do indivíduo Centro Universitário Uniseb – Polo de Betim/MG José Urbano Brochado Junior – Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda, 2014.

OHSAWA, Nyoiti Sakurazawa. O câncer e a filosofia do extremo Oriente. Porto Alegre: Associação Macrobiótica de Porto Alegre.

VIANNA, Klauss. A dança. São Paulo: Summus, 2005, 3ª ed.

XAVIER, Jussara. Meyer, Sandra. Torres, Vera. História da dança. Florianópolis: Ed. Da UDESC, 2012.

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